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  • O carnaval de rua é mais do que diversão, por Carlos Fidelis Ponte

    Da Redação em 16 de Fevereiro de 2017    Informar erro
    O carnaval de rua é mais do que diversão, por Carlos Fidelis Ponte

    Tem gente que não gosta de bloco de carnaval É fato tem gente que não gosta mesmo. Outros não conhecem e acham que todos os blocos são iguais. O carnaval de rua tem blocos para todos os gostos. Também vá lá: para quase todos. O fato é que eles são muito diversificados, saem em horários distintos e atraem públicos também bastante diferentes. O que dizer das crianças que animam os Gigantes da Lira que desfila em uma rua arborizada nas bonitas manhãs da General Glicério. E dos Escravos da Mauá com seu cortejo de pernas de pau e gente ligada ao teatro e à rica história da zona portuária. E o encantador rancho A Flor do Sereno? O frevo do Ansiedade que traz um pouco de Pernambuco para o Rio de Janeiro. E o animadíssimo Cordão do Boitatá que enfeita o centro e enche suas ruas de música e fantasias. Os ritmos são muitos e a lista é grande. Reúne desde blocos bregas como o Fogo e Paixão ou os beatlemaníacos do Sargento Pimenta. Tem bloco de Maracatu, de marchinhas, de enredo, de axé. Bloco de jornalistas, de cineastas, de alpinistas, bloco de crianças, de bêbados, de malucos, de gênero, religioso, de burguês, de proletário, da velha e da nova guarda. Tem bloco da Zona Sul e da Zona Norte. Tem bloco até na Barra. Tem bloco que fala de política e outros que exaltam tradições culturais diversas. Tem bloco do sujo, da lata. Tem até o bloco do Eu Sozinho.

    O carnaval de rua é mais do que diversão. É geração de renda para empresários, para o Estado e para o município e para trabalhadores menos afortunados. É preservação de tradições que forma músicos, compositores e interpretes. É economia. É política. É encontro. É arte. Mikhail Bakhtin, que pensou sobre muitos temas tais como a linguagem, as manifestações festivas, e as possibilidades de dialogo, gostava de lembrar que “as pessoas vão à igreja pelos mesmos motivos que vão à taberna: para estupefazerem-se, para esquecerem-se de sua miséria, para imaginarem-se, de algum modo, livres e felizes.” Friedrich Nietzsche, pensador para quem a vida só era possível pela arte afirmava que esta última só existe "para que a realidade não nos destrua”. Podemos também pensar nas delicias das coisas inúteis, afinal assobiar ou cantar uma canção não serve para nada, a não ser tornar a vida mais feliz. São múltiplos os aspectos que envolvem o carnaval de rua, entre eles a possibilidade de trocar a fantasia surrada da aparência cotidiana por uma mais glamorosa. Porém como se diz: nem Jesus agradou a todos. Tem gente que só gosta de festas fechadas. Entretanto, para que não gosta de carnaval de rua ainda resta um consolo: é só uma vez por ano.

    *Carlos Fidelis Ponte é pesquisador da Fiocruz Foto: Divulgação



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