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  • Dorina: Minha utopia é o Brasil ter uma educação decente

    Agenda Bafafá em 16 de Agosto de 2020    Informar erro
    Dorina: Minha utopia é o Brasil ter uma educação decente

    A cantora Dorina despontou em 1996 com o Prêmio Sharp de Cantora Revelação. Com seis discos gravados, é fundadora do movimento Suburbanistas, de valorização do samba de subúrbio. Em entrevista ao Bafafá, ela fala sobre vários temas: samba, música, política, gravadoras e até utopias. "Minha utopia é o Brasil ter uma educação decente".

    Como e quando começou no samba?
    Aconteceu naturalmente morando em Irajá. Minha mãe era imperiana e sempre levava a gente nos sambas da escola e nos ensaios da Portela e da Boêmios de Irajá. No bairro predominavam os marítimos e todo mundo se conhecia. Tinha sempre festas. Conheci o samba e o chorinho cedo. Nunca pensei em ser profissional, eu cantava porque gostava. Na verdade isso demorou. Primeiro tive meus filhos e apenas a partir dos anos 90, com eles crescidos, resolvi levar a sério. Foi quando gravei meu primeiro CD independente “Eu Canto Samba”, em 1996. Ganhei o Prêmio Sharp de cantora revelação e o Zeca Pagodinho me levou para fazer shows com ele no João Caetano. Paralelamente a isso trabalhava com venda de computadores. Isso até o ano 2000 quando passei a me dedicar exclusivamente à música e a viver dela.

    Como vê essa explosão do samba no Rio de Janeiro?
    Tem uma garotada nova que é boa e mais acadêmica. A mídia deu espaço para o que estava acontecendo na Lapa e muitas casas se firmaram e hoje pagam os músicos. Quando comecei fazia mais shows em São Paulo, pois tinham poucas casas no Rio de Janeiro.

    Confere que o sambista sempre ganha menos que um artista da “MPB”? É verdade. É uma tabela feita pelos produtores de shows por aí, não sei por que cargas d´água. Artistas da MPB que estão no mesmo patamar dos sambistas ganham mais.

    Por que São Paulo tem mais mercado para o samba?
    São Paulo é maior, tem mais dinheiro. Eles profissionalizaram o samba primeiro que a gente.

    Por que as rádios não tocam samba?
    Tem que perguntar a elas, eu não sei (riso). Apesar de ter melhorado, ainda existe preconceito contra o samba. O samba só toca em horas específicas e não na programação normal.

    O que acha do jabá?
    Eu não conheço. Meus seis CDs são independentes e nunca tive dinheiro para pagar jabá nenhum (risos). Mesmo assim toquei em algumas rádios e isso prova que nem todas agem assim (risos). Esse negócio está meio que acabando porque, com essa história de discos piratas, as gravadoras não estão tendo tanto dinheiro para pagar jabá. Eu lembro de uma entrevista do Lobão dizendo que era contra esta prática. Só que ele já tocou “pra caramba” pagando jabá. Agora, depois de conhecido, é fácil falar que é contra e vender CDs nas bancas.

    Alguns artistas, como o Zeca Pagodinho, conseguem quebrar esse monopólio.
    Ele tem sorte, carisma e talento. Conheço ele desde guri e sempre conseguiu chegar e marcar a presença dele.

    O samba é eterno?
    É. Vai passando de uma geração para outra pela oralidade.

    Não acha que ele é um fenômeno mais carioca?
     Não acho. Eu recebo CDs de todas as partes do País e sou convidada para rodas de samba em Florianópolis, Porto Alegre. O samba está no Brasil todo.

    Tem alguma utopia? 
    Do Brasil ter uma  educação decente. educação decente. Ter um plano de educação que não esteja acoplado a partidos políticos e governos. 

    Maio de 2009
     



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