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• Nilze Carvalho: O samba está indo além do modismo

  Agenda Bafafá em 28 de Maio de 2016    Informar erro
  
  
  Nascida em 1969, Albenise de Carvalho Ricardo, conhecida como Nilze Carvalho, é o que se pode chamar de sambista prodígio. Aos sete anos já participava das rodas de samba da Portela e aos 12 gravava seu primeiro disco, "Choro de Menina". Aos 15 anos, começou a viajar mundo tendo se apresentado em palcos da Europa, Ásia, América do Sul e Estados Unidos. Além de cantar, Nilze compõe, toca cavaquinho e bandolim.
  Integrante do grupo Sururu na Roda, um dos pioneiros da nova geração, Nilze é uma das artistas mais requisitadas do samba carioca e respeitadíssima entre os grandes bambas. Em entrevista ao Bafafá, ela fala sobre a carreira e faz uma radiografia sobre o samba na Cidade Maravilhosa. “Essa efervescência do samba é bom pra todos. Muita gente nova aparecendo com qualidade musical e profissional, cantores, compositores, músicos”, assinala. Sobre a onda de samba, responde: “O samba está indo além do modismo”.
  Como foram a sua infância e juventude?
  Eu tive uma infância pobre (materialmente falando) nos subúrbios do Rio. Mais em compensação muito feliz e agitada. Éramos cinco, já viu né...
  
  
  Como e quando aconteceu o seu primeiro contato com o samba?  
  
  O meu pai trabalhava de contínuo e era músico trompetista, foi por aí que a música chegou. Ouvíamos música o tempo todo, e quando eu tinha cinco anos me apoderei do cavaquinho que ele tinha ganhado de um amigo. Daí não parei mais.
  
  
  Estudou música?
  No início eu tocava tudo de ouvido. Só bem mais tarde foi começar a estudar.
  O que acha dessa onda de samba do momento?
  Acho que o samba está num bom momento já há algum tempo. Obviamente não é da maneira merecida, pois infelizmente ainda não encontramos um bom espaço na mídia de massa como TV e rádios.
  
  
  Os veteranos ganharam vez? E os novatos?
  Essa efervescência do samba é bom pra todos. Muita gente nova aparecendo com qualidade musical e profissional, cantores, compositores, músicos. Isso tudo fez aumentar a produção musical em relação ao samba. E os veteranos, que nunca deixaram de produzir, voltam a cena, até mesmo para servirem de modelo aos novos sambistas.
  
  
  A explosão de samba na Lapa não é mais comercial?
  Não sei dizer ao certo. Só sei que esse movimento promoveu uma mudança grande na cara do bairro e o lugar se consolidou como um pólo musical e artístico. O samba está indo além do modismo.
  
  
  O que acha das rádios tocarem pouco samba?
  Incógnita total!?????
  
  
  Onde se faz o melhor samba no Rio de Janeiro?
  Vou citar alguns locais: das casas tradicionais estão Carioca da Gema, Centro Cultural Carioca e Trapiche Gamboa. Rodas: Do Ouvidor, Pedra do Sal, Samba do Trabalhador, Santa Luzia. Com certeza esqueci outros lugares legais!
  
  
  Como está sua carreira individual?
  Estou no finalzinho do projeto "Essas mulheres e suas Vozes Maravilhosas" no SESC. Estou preparando um novo CD para o ano que vem. O último CD solo foi em 2005 "Estava Faltando Você" - Fina Flor. Aliás, completo 30 anos de carreira em 2010.
  
  
  O Sururu na Roda é um dos grupos mais conceituados? Foram quase os primeiros, confere?
  Sempre que eu voltava de viagem dava uma passada na Lapa pra ouvir os amigos e dar uma canja. Na época era o Dobrando a Esquina com a Luciane Menezes e Lucio Sanfilippo que tocavam no antigo Emporio 100, isso foi em 97/98 se não me engano. O Sururu também tocou lá. O Grupo se formou em 2000. Foi na Uni-Rio, eu e a Camila Costa começamos a fazer prática de conjunto uma das disciplinas do curso, daí surgiu a idéia. Chamamos o Silvio Carvalho que é meu irmão e o Fabiano Salek, que tinha terminado a faculdade mas estava sempre na área. E fomos logo pra Lapa, respirar aquela atmosfera. Jovens buscando conhecer o que se passou naquele espaço físico anos atrás. E isso foi muito importante para o trabalho autoral que o grupo desenvolve hoje.
  
  
  Tem alguma utopia?
  Tenho muitas. Paz no mundo. Só pra começar...
  
  
  Junho de 2009
  Entrevista concedida ao editor do Bafafá Ricardo Rabelo
  Foto: Divulgação
  
  
  

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