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  • Tostão: Minha utopia é futebol eficiente e bonito

    Agenda Bafafá em 06 de Maio de 2016    Informar erro
    Tostão: Minha utopia é futebol eficiente e bonito

    Eduardo Gonçalves de Andrade, mundialmente conhecido como Tostão, começou a jogar bola aos sete anos no time de várzea no Conjunto habitacional IAPI, em Belo Horizonte. Foi quando ganhou o apelido que carrega até hoje por ser o menor da turma e lembrar um centavo, a menor fração da moeda de então. Ao contrário do apregoado, sua incursão no futebol de salão aconteceu depois de jogar no campo. Aos 16, foi contratado pelo Cruzeiro na posição de meia armador e por onde marcou 249 gols. O Mineirinho de ouro, como foi também apelidado, integrou o mágico ataque da seleção que conquistou o tricampeonato mundial em 1970, jogando ao lado de craques como Pelé e Rivelino.

    Em entrevista exclusiva ao Bafafá, Tostão fala entre outros temas, sobre a infância, primeiros contatos com a bola, seleção de 70, política, Copa do Mundo de 2014, seleção e CBF. “Minha utopia é ver o futebol brasileiro jogando no estilo eficiente e bonito", fuzila o ex-craque.

    Como foram a sua infância e juventude?
    Foram ótimas. Vivi em um lugar com uma ampla praça de esportes, com campos de futebol e muito divertido.

    Quando despontou para o futebol e descobriu a posição em que ia jogar?
    Com sete anos, comecei a jogar em times de chuteira e camisa, nesse conjunto habitacional (IAPI). Era um meia armador. Com 14 anos, fui jogar futebol de salão no Cruzeiro. Daí, passei para o futebol de campo e, aos 16, fui para o América como profissional.

    O apelido surgiu como?
    Bem cedo, provavelmente, porque tostão era um centavo, a menor fração da moeda. E eu era o menorzinho da turma. E o apelido “Mineirinho de Ouro”? Essa expressão foi muito usada pelo antigo narrador Geraldo José de Almeida, na Copa de 1970.

    Confere que começou no futebol de salão?
    Sim, como disse anteriormente. Mas, antes do futebol de salão, repito, jogava no futebol de campo, no bairro onde morava.

    Foi quando chamou a atenção dos dirigentes do Cruzeiro?
    Era jogador do juvenil do América, amador, sem nenhum contrato com o clube. Aí, o Cruzeiro me viu jogar e me ofereceu um contrato profissional. Isso, aos 16 anos.

    Qual o episódio que mais o emocionou quando jogava no Cruzeiro?
    As duas vitórias sobre o Santos, em 1966, que deu ao Cruzeiro o título de campeão da Taça Brasil, hoje reconhecido como título brasileiro. Na época, era o mais importante título nacional, jogado entre os campeões de cada Estado.

    Como chegou à seleção brasileira?
    Em 1966, fui convocado, junto com 44 jogadores, para os treinos para a Copa. Fiquei entre os 22. Depois dessa copa, fui convocado para todas as seleções seguintes.

    Ficou acanhado de jogar com tantos craques?
    Acanhado, não, mas eufórico por jogar ao lado de Pelé, Gerson e tantos outros na Copa de 1970. Já em 1966, joguei ao lado de Pelé e Garrincha.

    Conseguiu superar o problema da vista?
    Fiquei oito meses parado, antes de me apresentar para a Copa de 1970. Muitos achavam que não poderia mais jogar. Como tinha a palavra do médico, de que estava recuperado, fui em frente. Joguei por mais três anos. Voltei a ter problemas e tive que parar de jogar por ordem médica.

    Qual foi o melhor jogo da Copa de 70?
    O mais importante foi a final, mas as grandes partidas da Seleção, que, coincidentemente, foram as que eu joguei melhor, foram contra a Inglaterra e o Uruguai.

    Por que decidiu estudar medicina?
    Quando parei de jogar, resolvi voltar a estudar e ter uma outra profissão. Era meu sonho de adolescente, já que não pensava em ser atleta profissional. Resolvi ser médico por vários motivos. O maior deles é que, como médico, poderia entender, em profundidade, a alma e o corpo humano.

    Trabalha até hoje?
    Não. Há alguns anos, decidi parar de trabalhar. Era professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Como está vendo o governo Dilma? Melhor que o do Lula, por ser mais transparente.

    E o governo Anastasia em Minas?
    Ele é um bom técnico, mas participa das mesmas idéias políticas de seu padrinho, Aécio Neves.

    Está animado com a Copa do Mundo no Brasil?
    Sim e não. Sim, porque veremos aqui a maior festa do futebol, e não, porque, como se esperava, já dá para sentir que haverá gastos absurdos do governo, mais do que o previsto. Não era esse o discurso, quando o Brasil foi oficializado. Disseram que não haveria dinheiro público envolvido na Copa. Isso, sem falar em tantos problemas já noticiados, de mau trato do dinheiro público.

    O Brasil terá “time” para ser campeão?
    Hoje, o Brasil está atrás da Espanha, da Alemanha e da Holanda. Como o Brasil tem Neymar, um craque, e vários outros jovens que podem melhorar, há uma esperança de se formar uma ótima equipe.

    Como você julga a gestão de Ricardo Teixeira à frente da CBF?
    Para o futebol brasileiro, é péssima a administração de Ricardo Teixeira; além de muito longa, está em desacordo com a democracia. A administração da CBF se limitou a fazer grandes contratos comerciais, utilizando o prestígio do futebol brasileiro.

    Qual é a fórmula para ganhar a Copa?
    Jogar melhor que os outros. Como será no Brasil, empurrado pelo torcida, o time terá de ter uma postura mais agressiva.

    Tem algum projeto?
    Muitos. O principal deles é viver bem por muito tempo.

    Tem alguma utopia?
    Algumas. Uma é ver o futebol brasileiro jogando no estilo eficiente e bonito, como o do Barcelona. Outra é ver o Brasil em condições muito melhores em relação à violência, à saúde pública, ao saneamento básico, aos transportes, etc.

    Entrevista concedida ao editor do Bafafá Ricardo Rabelo - Dezembro de 2011



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