Os foliões nunca se esbaldaram tanto como em 1912. Naquele ano, o Brasil teve dois Carnavais. Isso porque faltando poucos dias para a festa faleceu o Barão do Rio Branco, ministro das Relações Exteriores e tido como herói nacional.
Vítima de insuficiência renal, ele morreu aos 66 anos em 10 de fevereiro, um sábado, quando faltava exatamente uma semana para os festejos.
O Brasil caiu em luto. No Rio de Janeiro, a capital da República, uma multidão fez fila no Palácio do Itamaraty para o velório e acompanhou o caixão até o Cemitério do Caju, onde o ministro foi enterrado com honras de chefe de Estado.
Devido à grande popularidade do Barão, na ocasião de sua morte, o então presidente Hermes da Fonseca decretou luto oficial na cidade do Rio de Janeiro (capital da República na época) e, por considerar que não seria de bom tom que o povo saísse às ruas para brincar e cantar, adiou o carnaval de 1912 para o dia 6 de abril.
No entanto, o decreto não foi muito bem-sucedido: a população foi às ruas aproveitar a folia na data normal mesmo com o clima de consternação.
Em abril, quando os clubes promoveram o carnaval oficial, a população voltou às ruas para festejar, fazendo com que o ano de 1912 ficasse marcado na História com a comemoração de dois carnavais.
Para ridicularizar a situação, o povo entoava uma marchinha improvisada ao cair na folia novamente:
“Com a morte do Barão
Tivemos dois Carnavá
Ai, que bom! Ai, que gostoso!
Se morresse o Marechá!”
Fonte: Senado Federal/ O Barão