Sem vacina, sem folia. Este tem sido o mote da maioria das escolas de samba e blocos de carnaval do Rio diante a pandemia de coronavírus. Por se tratar de uma festa de aglomeração, o cancelamento aparece como única opção caso não apareça até lá uma vacina que imunize as pessoas.
Da parte dos blocos, o adiamento parece iminente. A Sebastiana acha que é preciso responsabilidade e cautela e que seria uma temeridade promover o carnaval dos blocos sem a adoção das medidas necessárias para que as pessoas possam brincar e se divertir nas ruas do Rio de Janeiro de forma segura.
“Carnaval é afeto, proximidade, contato, encontro e alegria”, diz Rita Fernandes, presidente da Sebastiana.
A Banda de Ipanema já fechou questão e decidiu não desfilar em 2021. ”A Banda de Ipanema jamais contribuirá para o contágio”, diz nota da agremiação.
Pelo mesmo caminho vai o Cordão da Bola Preta. Faz apelo para que todos fiquem a salvo para curtir muitos carnavais. “E por isso o nosso lema é: se prevenir nunca é demais! Quanto mais nos cuidarmos, mais rápido iremos passar por isto”, assinala o Cordão em sua página no FB.
A LIESA - Liga Independente das Escolas de Samba já admite o cancelamento dos desfiles. Algumas escolas só vão desfilar se houver vacina. O processo começa seis meses antes, os barracões já estão funcionando.
Escolas já anteciparam escolha do samba online, entre elas a Beija Flor.
Na condição de hoje é eticamente improvável ter o desfile - afirma o presidente da Liesa Jorge Castanheira.
- É um evento que mexe muito com o calendário nacional e internacional. Se houver uma sinalização positiva das autoridades de saúde, vamos analisar ou o que será possível. Tem várias variáveis na ciência e não podemos precipitar neste momento. Temos que ter prudência e enxergar eticamente o sofrimento de pessoas que estão perdendo seus entes e lutando nos hospitais pela vida - comenta.
Enquanto isso, como as escolas de samba seguem paradas, mantêm apenas parte do planejamento: desenhos de fantasias e alegorias, projetos gráficos e construção de sinopses. Os diretores de carnaval da Imperatriz Leopoldinense, Marquinhos Fernandes e a Beija-Flor de Nilópolis, Dudu Azevedo, também apontaram a vacina como pré-requisito para a realização do carnaval. Renatinho Gomes, presidente de São Clemente, faz coro:
- É simples: se você chegar a uma vacina, teremos samba. Como vamos lidar com a multidão sem imunização coletiva?
Fonte: O Globo