Parece que o bloco Meu Bem Volto Já está se despedindo de maneira marcante, após três décadas de história, e sua última passagem por Copa ao Leme carrega consigo um simbolismo forte sobre o cenário atual do carnaval de rua do Rio.
O fato de ser comandado por Jorgito Sapia, um argentino profundamente apaixonado pela cultura carnavalesca brasileira, mostra a internacionalização do amor pelo carnaval, mas também expõe como as dificuldades estruturais e políticas afetaram o crescimento e a sobrevivência dos blocos mais tradicionais.
A falta de uma regulamentação clara e simplificada para os blocos de rua, somada às crescentes exigências burocráticas, tem sido um ponto crucial para a diminuição da festa de rua.
Muitos blocos preferem se manter "clandestinos" para não lidarem com as limitações impostas, já que as exigências para organizar um bloco são muitas vezes mais voltadas para grandes produções do que para as tradicionais manifestações populares.
Além disso, a explosão de megablocos, que frequentemente não têm sintonia com a raiz do carnaval de rua, parece afastar ainda mais a verdadeira essência dessa festa popular.
A paciência com essa situação realmente parece ter limites, e a mudança de governo ao longo dos anos não trouxe as melhorias necessárias. O carnaval de rua do Rio, que já foi um símbolo de resistência e alegria espontânea, hoje enfrenta desafios enormes devido a esse descompasso entre a cultura popular e a visão burocrática do poder público.
Muito triste a despedida de mais um bloco tão emblemático. "Meu Bem, Volto Já, desta vez não vai voltar… mas quem sabe um dia?" Obrigado por tantos lindos carnavais.
A redação da Agenda Bafafá