Logo depois que assumiu o governo do estado em 1983, Leonel Brizola incumbiu seu vice Darcy Ribeiro de construir uma passarela definitiva para os desfiles de escolas de samba do Rio de Janeiro.
Correndo contra o tempo, já que a obra deveria estar pronta para o carnaval de 1984, o projeto foi entregue ao gênio Oscar Niemeyer que idealizou as amplas arquibancadas sobre camarotes que serviriam de salas de aula no resto do ano.
A contagem regressiva foi alucinante. Contrária às novas regras, inclusive o desfiles em dois dias, a TV Globo e O Globo boicotaram a obra e praticamente torciam para ela não ficar pronta a tempo. Diariamente, um "especialista" era chamado a opinar para criticar o projeto.
Apesar do aperto, como tudo no Brasil, a passarela ficou pronta às vésperas do carnaval. Seria a primeira vez que o conjunto seria testado.
Revoltado com o boicote sistemático das organizações Globo, o governador Brizola deu um golpe de misericórdia na emissora. Faltando poucos dias para os desfiles, ele cancelou a transmissão pela Globo e cedeu os direitos para a então incipiente TV Manchete, um ano depois de ter sido fundada.
Era como se o mundo desabasse sobre a TV Globo. Pela primeira vez em sua história, a audiência despencou e a Manchete abocanhou 70% da audiência contra 8% da rival.
A emissora investiu em tecnologia e montou uma superprodução de quase mil pessoas para cobrir o primeiro desfile no sambódromo da Marquês de Sapucaí. E não decepcionou, surpreendendo até a Globo.
Depois disso, na dúvida, a TV Globo nunca mais arriscou e deixou de transmitir os desfiles da Sapucaí.
