A 15ª Mostra Cinema e Direitos Humanos chega ao Rio de Janeiro entre os dias 6 e 10 de dezembro, com programação gratuita no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF).
Em sua passagem pela cidade, o evento convida o público a refletir sobre como a emergência climática atravessa diferentes modos de vida, da floresta à metrópole, e redefine a relação entre povos tradicionais, comunidades urbanas e seus territórios. A Mostra é promovida pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e circula por 12 capitais brasileiras ao longo de 2025.
Com o tema “Direitos humanos e emergência climática: rumo a um futuro sustentável”, a edição deste ano evidencia como a defesa da floresta, da água e dos modos de vida tradicionais é inseparável da luta por direitos humanos. No Rio, a programação ganha dimensão especial com o curta carioca “Amazônia sem Garimpo” (2022), dirigido por Tiago Carvalho e Julia Bernstein, uma animação produzida pela Canoa Filmes em parceria com a Fiocruz e a ENSP/Fiocruz. Com narrativa sensível e visual marcante, o filme apresenta os impactos da mineração ilegal nos rios amazônicos e no cotidiano dos povos indígenas, propondo um diálogo direto sobre território, violência socioambiental e preservação.
Neste ano, a Mostra Cinema e Direitos Humanos é realizada em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), por meio do Curso de Cinema e Audiovisual, e reafirma o poder do audiovisual como ferramenta educativa e de transformação social. Na capital fluminense, o evento tem o apoio do Centro Cultural Justiça Federal e do Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A homenageada da edição é a cineasta Sueli Maxakali, liderança Tikmũ’ũn e referência do cinema indígena contemporâneo. Seu longa “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá” (2025), premiado no Festival de Brasília, CachoeiraDoc e Mostra Ecofalante, abre a programação nacional ao acompanhar a busca da diretora pelo pai, afastado da família durante a ditadura militar. Confira o teaser AQUI.
FILMES E TEMÁTICAS
Com 21 filmes, de curadoria da professora e pesquisadora Beatriz Furtado (UFC) e da jornalista e realizadora Janaina de Paula, a mostra apresenta obras que investigam território, memória, ancestralidade e luta por justiça ambiental. Integra a seleção o filme “Rua do Pescador, Nº 6” (2025), da atriz e cineasta Bárbara Paz, obra que registra, no Rio Grande do Sul, o surgimento de memórias à medida que as águas das enchentes baixam. Com uma equipe formada por profissionais do audiovisual gaúcho, alguns deles diretamente atingidos pela tragédia, o filme recolhe histórias e lembranças que emergem “após o fim”.
Já a produção mineira Rio de Mulheres (2009), dirigida por Cristina Maure e Joana Oliveira, acompanha a vida de mulheres que habitam um território marcado pela seca e pela escassez de água. Entre crianças e outras mulheres, elas constroem rotinas, afetos e modos de resistência em meio ao isolamento e às adversidades do cotidiano.
Os filmes estão estruturados em quatro sessões que compõem o eixo temático da Mostra. A sessão Nêgo Bispo/Terra reúne obras sobre resistência quilombola, violência no campo e enfrentamento a desastres ambientais; a sessão Antônia Melo/Águas destaca conflitos hídricos e narrativas de comunidades pressionadas por grandes empreendimentos; já a sessão Raoni/Floresta homenageia o líder indígena caiapó com filmes que tratam de ameaças à Amazônia, disputas territoriais e imaginários originários; enquanto a sessão infantil apresenta produções que estimulam a imaginação e aproximam as crianças da cultura e do meio ambiente.
Todos os títulos contam com janela de Libras e Legendagem para Surdos e Ensurdecidos (LSE). Após as sessões, os debates também contarão com acessibilidade em Libras.
HISTÓRICO DA MOSTRA
A Mostra Cinema e Direitos Humanos é uma estratégia do Governo Federal para a consolidação da educação e da cultura em Direitos Humanos, entendendo o audiovisual nacional como forte aliado na construção de uma nova mentalidade coletiva para o exercício da solidariedade e do respeito às diferenças.
Criada em 2006, com a finalidade de celebrar o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a mostra amplia e diversifica os espaços de informações e debates sobre direitos humanos, por meio da linguagem cinematográfica, tornando-se instrumento valioso de diálogo e transformação para públicos com pouco ou nenhum conhecimento sobre direitos humanos.