Dedicado às experimentações no mundo das artes audiovisuais e do cinema, o Festival ECRÃ chega à oitava edição com destaques internacionais exibidos e expostos em diversos festivais e eventos pelo mundo.
O ECRÃ acontecerá na Cinemateca do MAM, Estação NET Botafogo e, pela primeira vez, ocupará o Espaço Cultural Arte Sesc, no Flamengo. De 27 e 30 de junho em formato presencial e 4 e 7 de julho na versão online.
Com filmes e videoartes premiadas, instalações e performances de relevância no mundo das artes audiovisuais e presença de realizadores, o ECRÃ reafirma seu compromisso com a democratização da arte e segue com entrada gratuita. A fase online também oferecerá para o público games que experimentam em linguagem e visual.
RETROSPECTIVA - KURT WALKER
O ECRÃ traz pela primeira vez no Brasil exibições dos filmes do realizador canadense Kurt Walker. Vencedor do prêmio de melhor filme do DocLisboa por seu longa-metragem de estreia Hit 2 Pass (2014) e o grande prêmio do Festival du Noveau Cinèma em Montreal por seu curta Eu Pensei No Mundo de Você (2022), Kurt virá ao Rio de Janeiro para apresentar os seus filmes e participará de bate-papos com o público mediados pelo pesquisador e professor Wilson Oliveira Filho e pelo crítico de cinema Filipe Furtado no Espaço Cultural Arte Sesc Flamengo.
Além dos filmes já citados, o ECRÃ exibirá o média-metragem s01e03 (2020) e o curta-metragem Gargoyle (2017) dentro da retrospectiva do realizador.
FILMES DE LONGA E MÉDIA-METRAGEM: CANADÁ EM FOCO, NATUREZA SUFOCADA E ESPAÇO URBANO PARA INVENÇÕES
Além da presença de Kurt Walker, o ECRÃ terá a estreia mundial do primeiro longa de Marianna Milhorat chamado Logo Acima da Superfície da Terra (Para uma Extinção a Caminho) (2024) que virá ao festival apresentar o filme que é uma bela sinfonia de adeus à natureza.
O jovem realizador canadense Victor Dubyna também estreia no ECRÃ o média Wanton (2023), um exercício solitário em que atua, dirige e edita o filme e resulta em um dos filmes mais aterrorizantes do ano.
O longa Todo Dourado (2023) de Nate Wilson também estreia na América Latina através do ECRÃ. O filme é ousado e mistura comentários sobre o fim dos tempos e a linguagem cinematográfica com bom humor, flutuando em algum lugar entre Gregg Araki e Sergei Eisenstein.
O Canadá também aparece como país co-produtor de dois longas da seleção: A Lagoa do Soldado (2024) do diretor colombiano Pablo Alvarez Estrada que retrata a campanha de liberação de Simon Bolívar através da natureza do país e que foi premiado no Cinéma du Réel e Uma Pedra Atirada (2024) da diretora Razan AlSalah, co-produção com a Palestina e Líbano que ensaia uma história da resistência palestina quando, em 1936, os trabalhadores do petróleo de Haifa explodem um oleoduto.
Um indício visto nos longas e médias do ECRÃ deste ano é da relação entre os realizadores e a natureza como caminho para a experimentação.
Fora os já citados filmes de Marianna Milhorat que em seu próprio título resume sua despedida e de Pablo Alvarez Estrada, o ECRÃ apresenta filmes que partem da relação com a natureza para questionar a existência, sua resistência e o fim: Barrunto (2024) de Emilia Beatriz e Mannvirki (2023) de Gustav Geir Bollason, destaques do Festival de Rotterdam vindos de Porto Rico e Islândia, respectivamente, que minuciosamente registram, na relação com o espaço filmado, uma história de devoção.
Em estreia mundial, o média francês A Casa à Beira-Rio (2024) de Adrien Charmot registra a rotina de senhoras que no espaço perto da natureza cuidam de si ao cuidar dos outros num lindo poema visual feito em 16mm. Também em première mundial, o longa Apple Pie (2024) de Evan Snyder registra em observações particulares na viagem do realizador ao Grand Canyon e põe em debate como a natureza serve de ponto turístico e como a tendência humana é deteriorar os espaços, como mantê-los vivos e saudáveis?
A cineasta, alquimista e performer francesa Gaelle Rouard estreia no ECRÃ com Escuridão Flamejante (2022) que segue dois poemas para se estruturar e costurar a relação da câmera, homem e natureza. Também há espaço para o humor surrealista de Línguas de Fogo (2024), longa que estreia mundialmente no ECRÃ dirigido por Zé Kielwagen que conta a história de duas missionárias evangélicas que vão à Amazônia para conquistarem a fé dos últimos indígenas da Terra até ameaças sobrenaturais aparecerem.
E, por fim, o mestre do cinema estrutural James Benning estreia na América Latina o seu novo filme Breathless (2024), uma homenagem a Acossado (1960) de Jean-Luc Godard, com a mesma duração e um filme que, como boa parte dos filmes de Benning, dá ao acaso a narrativa e retira momentos brilhantes, desta vez ao filmar a curva de uma estrada no meio de uma floresta na Califórnia.