Os solos “Dança macabra” e “Ocas”, criados e interpretados, respectivamente, pelos bailarinos Laura Samy e Leonardo Laureano, serão apresentados juntos no Projeto Repertórios no Teatro Cacilda Becker. São dois talentos da dança contemporânea. Dois nomes que trazem ao público trabalhos reflexivos, inquietantes, que resultam de intensa pesquisa.
Sobre Dança macabra:
Quem acompanha a trajetória de Laura Samy sabe que ela costuma levar à cena influências que vão da Literatura ao cinema e cujos resultados mesclam diferentes linguagens. E isso se dá com “Dança macabra”. A performance surgiu em 2015 a partir de reflexões sobre a sobrevivência e a morte. A linha dramatúrgica, que conta com a colaboração do bailarino Renato Linhares, alia pensamentos do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975), um poema de Henri Michaux (1899-1984), um registro em audiovisual da própria artista em movimento ao som de peças de Ennio Morriconi (1928-2020).
O público ocupa a plateia com a bailarina já em cena. Os dez cubos espalhados pelo palco são empilhados e transformados em dois totens, cruciais para o jogo que se estabelece entre a bailarina e o espaço a ser ocupado. A partir daí várias dialéticas se estabelecem: visível\oculto, real\imaginário, vida\morte. O corpo que fragmenta-se como numa pintura cubista. E a bailarina assume diferentes formas como a de um pássaro ou mesmo a da própria Morte. A performance já foi apresentada em diferentes cidades e espaços, como a Escola de Cinema Darcy Ribeiro (2015), o próprio Cacilda Becker (2015) e em eventos de dança como o Panorama e o Caixote, ambos em 2017.
Sobre “Ocas”:
O solo surgiu a partir do convite da bailarina sueca Niki Awandee e foi concebido ao longo da residência Ten days of Cypher, realizada naquele país. A concepção contou com a colaboração do DJ e também bailarino brasileiro Guiu. O palco é uma tribuna e, portanto, um espaço para se discutir questões sociais, éticas e étnicas, relacionadas à atualidade e o tempos pregressos. Essa consciência acompanha Leonardo Laureano desde que ele se entende por gente. O artista viu na dança o meio de levar o espectador consigo a refletir sobre a própria condição humana.
O palco está nu. O bailarino entra em cena por uma das laterais e vai, aos poucos, ocupando todo o espaço como que multiplicado. Ele veste uma túnica que evoca antigas culturas (e a própria ancestralidade) ao mesmo tempo em que aquele figurino ganha outras formas de uso, evocando signos pretéritos e atuais e ganhando, contudo, novos significados – justamente como na vida.
Ingressos disponíveis na bilheteria ou pelo Sympla:
https://www.sympla.com.br/evento/repertorios-danca-macabra-e-ocas/2060851
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 70 min