Dia 19 de janeiro, um dia antes do aniversário de São Sebastião, padroeiro da cidade, abre a exposição Rio de Corpo e Alma, no Museu Histórico da Cidade, na Gávea, em meio às comemorações dos 460 anos da cidade.
Produzida por Isabel Tinoco e Fabiana Gabriel, sob a curadoria de Isabel Portella (Museu da República), a exposição reúne um time de 10 artistas (cariocas ou não) com o intuito de conectar o passado e o presente da cidade, através de um olhar plural e atualizado sobre ela.
Para isso, cada um foi convidado a criar uma obra inspirada a partir de um seleto acervo da reserva técnica do museu (que não está exposto). O resultado foram esculturas, fotografias, pinturas, instalações e performances, que trazem uma reflexão coletiva sobre a história da cidade, sua configuração de metrópole contemporânea e as transformações pelas quais vem passando ao longo desses anos.
Essa é a primeira vez que o Museu abriga uma exposição contemporânea que dialoga com seu acervo composto por cerca de 24.000 bens culturais, entre mobiliários, esculturas, pinturas, joalherias, gravuras, fotografias, porcelanas, mapas e projetos paisagísticos e arquitetônicos, entre outros, que conservam um importante registro do desenvolvimento urbanístico, político e social do Rio de Janeiro.
Entre os trabalhos, vale destacar o da artista Julie Brasil, da Guatemala. Moradora do Rio desde a infância (chegou com a família fugindo da guerra em seu país), a artista escolheu fotos antigas de sete paisagens emblemáticas da cidade e criou desenhos em pb sob a fotografia desses mesmos locais nos dias de hoje. Para isso, Julie fotografou todos os locais tentando seguir o mesmo ponto/ângulo de visão dos fotógrafos das fotos originais.
O que todas têm em comum é a presença de alguma montanha, uma marca da paisagem carioca. "Escolhi fotos que traziam na paisagem alguma montanha ou morro porque pensei que seriam pontos de referência que com certeza estariam no mesmo lugar, mesmo depois de tantos anos. Para minha surpresa, descobri um morro de Copacabana que não está mais lá. Ele dividia a praia ao meio e estava localizado onde é hoje a piscina do Copacabana Palace", revela.
ARTISTAS CONVIDADOS:
Agrippina Manhattan (São Gonçalo) - artista, pesquisadora e travesti. Nasceu e cresceu em São Gonçalo, hoje vive e corre atrás de trabalho no Rio de Janeiro. Seu trabalho é parte de uma profunda preocupação sobre tudo aquilo que restringe a liberdade. A palavra, a norma, a hierarquia, o pensamento. Diz que sente que não é obrigada a nada e isso a realiza. Foi indicada ao Prêmio Pipa em 2019.
Andre Arruda (carioca de Copacabana) - trabalhou como fotojornalista nos principais jornais do Rio (JB e O Globo), entre 1992 e 2000. Há mais de 30 anos atua como artista visual. Em 2017, foi premiado pelo ensaio revelação ‘Clovis’ no Prêmio Fotografia Brasil Porto Seguro, em São Paulo. Acumula alguns outros prêmios como o ANER, Itaú Cultural e Casa Firjan. Seu trabalho já foi exibido em mais de 10 exposições. É autor do livro “100 coisas que cem pessoas não vivem sem” e coautor de dezenas de outros. Em junho de 2023, ganhou o prêmio ''O Rio do Futuro'' do edital Firjan/Sesi 2023. No início de 2024 participou da exposição coletiva: “E o palhaço, quem é”, no Paço das Artes, em SP.
Andréa Hygino (carioca do Méier) - atua como artista visual, arte-educadora e professora. Nos últimos anos integrou exposições coletivas em espaços nacionais e internacionais de referência, como o Museu de Arte Contemporânea – Niterói, Galeria Antônio Sibassoly (GO), Galeria Nara Roesler (Nova Iorque) e Galeria Belmacz (Londres). Foi vencedora do 3o Prêmio SeLecT de Arte e Educação (categoria Camisa Educação) e do Prêmio FOCO ARTRio 2022. Entre dezembro (2021) e fevereiro (2022), participou de residência artística na Bag Factory Artists’ Studio e realizou uma ocupação no Wits Art Museum, em Joanesburgo, África do Sul. Atualmente, participa da residência artística do JA.CA Center (MG).
Julie Brasil (da Guatemala) - Julie Brasil vive e trabalha no Rio de Janeiro. É doutora em Imagem e Cultura, Mestre em Artes Visuais pela linha de Linguagens Visuais, Bacharel em Pintura, todos pela UFRJ. Já participou em exposições individuais e coletivas na Bienal da Caixa, Instituto Cervantes, Festival de Vídeos de Kassel, Espaço Vórtice, Curto-Circuito, Centro de Arte Hélio Oiticica, IBEU, SESC, Furnas, MUBE SP entre outros.
Marcella Araujo (carioca do Alto da Boa Vista) - Marcela Araujo vive e trabalha no Rio de Janeiro, graduada em Desenho Industrial pela PUC-Rio, se dedica às artes visuais desde 2016, quando entrou na EAV – Parque Lage e foi aluna de João Magalhães, no curso Pintura II; de Ana Miguel, Brígida Baltar e Clarissa Diniz, no curso Conversas de Arte. No 1o semestre de 2021, concluiu o curso Imersões Poéticas, da Escola Sem Sítio, com Pollyana Quintella, Cadu e Efrain Almeida.
Márcia Falcão (Irajá) - Márcia Falcão foi criada no bairro de Irajá e vive e trabalha no subúrbio carioca. Partindo da própria experiência, as pinturas figurativas da artista apresentam expressivas representações do corpo feminino, sublinhando a complexidade do contexto social em que este se encontra inserido, atravessado por uma paisagem dubiamente bela e violenta. Suas exposições individuais incluem Monuments of Flesh, Night Gallery, Los Angeles, Estados Unidos (2024); Pai Contra Mãe, Instituto Inclusartiz, Rio de Janeiro, Brasil (2023); Márcia Falcão, Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo, Brasil (2022); Márcia Falcão, Carpintaria, Rio de Janeiro, Brasil (2021) e Para Além do corpo: nudez semântica, Galeria Aymoré, Rio de Janeiro, Brasil (2020). Dentre suas exposições coletivas destacam-se Corpo-casa : Diálogos entre Carolee Schneeman, Diego Bianchi e Márcia Falcão, Pivô, São Paulo, Brasil (2024); The Big Picture, Night Gallery, Los Angeles, USA (2023); Funk! Um grito de ousadia e liberdade, MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil (2023); A Parábola do Progresso, SESC Pompeia, São Paulo, Brasil (2022); MAR + Enciclopédia Negra, MAR — Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil (2022); Crônicas Cariocas, MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil (2021); Engraved into the Body, Tanya Bonakdar Gallery, New York, USA (2021) e Ainda fazemos as coisas em grupo, Centro Municipal de Artes Hélio
Patrizia D’Angello (paulistana) - nasceu em SP, mas vive e trabalha no Rio de Janeiro. Se dedica mais assiduamente à pintura, mas também à produção de objetos, à performance, à fotografia e ao video. Frequentou a EAV em diversos cursos livres, esteve em intercâmbio com a ENSBA-Paris em 2014/2015, foi indicada ao prêmio PIPA de 2012, participou de várias exposições coletivas no Rio, SP, Brasília, joão Pessoa e Paris, realizou 8 exposições individuais.
Pedro Varela (Niterói - vive e trabalha em Petrópolis) - Entre suas principais exposições destacam-se: Tender Constructions (com Carolina Ponte), Cité Des Arts Paris, 2017; Pedro Varela, Zipper Galeria, São Paulo, 2016; O grande tufo de ervas (Com Mauro Piva) Galeria do Lago, Museu da República, Rio de Janeiro, 2015; Crônicas tropicais, MDM Gallery, Paris, 2015; Tropical, Galeria Enrique Guerrero, Mexico DF, 2014; Dusk to dawn... Threads of infinity (com Carolina Ponte), Anima Gallery, Doha, Catar, 2014; Tropical, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 2012. Indicado ao PIPA 2011 e 2019.
Rafa Bqueer (De Belém – PA) - Suas práticas performáticas partem de investigações sobre arte política, gênero, sexualidade, afrofuturismo, decolonialidade e interseccionalidade. Drag queen e ativista LGBTQI+, Bqueer tem um trabalho que dialoga também com vídeo e fotografia, utilizando de sátiras do universo pop para construir críticas atentas às questões da contemporaneidade. Participou de exposições nacionais e internacionais, entre elas a coletiva “Against, Again: Art Under Attack in Brazil”, na Anya & Andrew Shiva Gallery, em Nova York (2020), e fez a individual “UóHol” no Museu de Arte do Rio (2020). Foi premiadx no 7º Prêmio Foco Art Rio (2019). Suas obras fazem parte das coleções do Museu de Arte do Rio (MAR) e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio).
Zé Carlos Garcia (Sergipe) - As esculturas de Zé Carlos Garcia se apresentam como entes insólitos, combinando membros de diferentes espécies e, por vezes, mesclando plumas e partes de mobiliário de madeira. Participou de exposições coletivas em instituições como Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro e Brasília (2022, 2021); Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro (2022); Goethe Institut, Salvador, Brasil (2019); Fondazione Prada, Milão, Itália (2018); Ujazdowski Castle Centre for Contemporary Art, Varsóvia, Polônia (2017); e eventos como Bienal do Barro, Caruaru, Brasil (2019); Busan Biennale, Coreia do Sul (2018) e Frestas Trienal de Artes, Sorocaba, Brasil (2017). Foi o vencedor da primeira edição do Prémio Arte Sustentável ARCOmadrid, em 2023.