Rosana Pereira é do Vale do Jequitinhonha. Raizes fincadas no barro, é da terceira geração de ceramistas da família que cria esculturas figurativas e integra coleções públicas e privadas interessadas no fazer popular das matrizes no Brasil.
O Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Iphan, no Catete, abre ao público a primeira exposição do calendário do Programa Sala do Artista Popular (SAP) em 2025 com a individual Fantástico feminino: a arte de Rosana Pereira formada por obras inéditas da ceramista.
As peças de Rosana Pereira fundem gente e bicho no mesmo corpo, ora em cenas corriqueiras da vida real, ora em atmosferas românticas, sempre com bom humor.
A exposição tem entrada gratuita e, logo na entrada, o público pode conhecer a história da artista num catálogo produzido especialmente para a ocasião, também disponível de graça. Todos os trabalhos estão à venda.
“É uma oportunidade muito boa mostrar meu trabalho no Rio através da SAP”, conta. A família de ceramistas é do povoado do Córrego Santo Antônio, em Minas Gerais. Rosana Pereira molda o barro desde criança, de brincadeira. “Mas desde pequena vendia nas feiras o que criava”, lembra. Olhando o acervo do CNFCP, ela se deparou com um dos trabalhos da infância. "Jamais poderia imaginar", espanta-se. A doação da peça foi feita por um anônimo.
Mãe de Nicole, Mariela e Joaquim, de 14, 6 e 3 anos, respectivamente, a artista diz que os filhos costumam fazer moldagem enquanto ela trabalha. Aos 36 anos, conta que a ideia de fundir gente e bicho surgiu por acaso. Para ser diferente.
Tem cachorro e gato em casa, mas é da imaginação que tira o que põe nas figuras. Tem noiva carregando noivo. Namorados conversando e crianças brincando. A artista é econômica nas conversas. Rosana transfere para as esculturas um olhar divertido da vida real.
“O que pouco expresso pessoalmente, demonstro nas peças. Acontece bastante de me pegar rindo sozinha depois de ver um trabalho pronto. Fico muito feliz de ver meus trabalhos finalizados do jeitinho que imaginei”, afirma.
Breve histórico da SAP
Rafael Barros Gomes, diretor do CNFCP, ressalta que o Programa Sala do Artista Popular é uma política cultural de relevo. “São mais de 40 anos, contínuos, promovendo a vinda de artistas e suas obras para exposições no Museu de Folclore Edison Carneiro, onde há o Espaço de Comercialização que vende esses trabalhos”, destaca. Mais: dando visibilidade ao artesanato tradicional de Norte a Sul do país. “Sobretudo, é um programa pioneiro na perspectiva de políticas voltadas para o campo do artesanato de tradição cultural, compreendendo o fazer artesanal das diferentes comunidades do Brasil”, explica.
A SAP/CNFCP desde 1983 fomenta a venda dos trabalhos feitos nos mais distantes rincões do país, já contou com participação superior a 4.000 artesãos.
Realização: Assocação Cultural de Amigos do Museu do Folclore Edison Carneiro (Acamufec) | Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Instituto de Patrimônio e Histórico e Artístico Nacional (CNFCP/Iphan) _ www.cnfcp.gov.br
Apoio local: Associação dos Artesãos de Santo Antônio do Icaraí