Para promover e dar visibilidade ao movimento LGBTQIAPN+, o festival “Scliarizando – todos temos nome e sobrenome” será realizado nos dias 20, 21 e 22 de fevereiro de 2025, na Casa Museu Carlos Scliar, em Cabo Frio.
O evento oferece ao público a oportunidade de assistir obras que tratam da cultura e da arte do movimento LGBTQIAPN+, tendo como pauta um mundo menos discriminatório e preconceituoso. A programação contará com exposição de trabalhos inéditos de Carlos Scliar (1920 - 2001), apresentações musicais, exibição de filmes e mesas de conversa com psicólogos, médicos, historiadores, etc.
O projeto é uma realização Governo Federal, Ministério da Cultura, Prefeitura de Cabo Frio, Secretaria Municipal de Cultura através da Lei Paulo Gustavo e toda a programação é gratuita.
“O evento transforma a Casa Museu Carlos Scliar em palco da arte LGBTQIAPN+, conferindo ao espaço museal responsabilidade na atuação por um mundo menos discriminatório”, diz a curadora do evento e coordenadora da Casa Museu Cristina Ventura.
Desenhos e estudos inéditos de Scliar, produzidos entre 1940 e 1960, estarão na exposição “Nus”. Artista plástico de personalidade multifacetada, humanista, Carlos Scliar participou ativamente de importantes manifestações sociais e acontecimentos culturais e políticos ocorridos ao longo do século XX.
“A trajetória de Scliar nos permite afirmar que sua obra é decorrente do trabalho ininterrupto, compreendido pelo comprometimento com que tratava questões sociais de liberdade e respeito”, afirma Cristina Ventura, que completa: “Atento às relações humanas, onde há disciplina e provocação, liberdade e luta, beleza e cotidiano, valores raros encontrados no respeito ao homem, Scliar foi artista de trajetória singular, a ser revisitado”.
Também como parte do evento, será realizada uma oficina de gravura, utilizando frases presentes em obras de Scliar do período da ditadura militar, tais como: “Pergunte quem”, “Pergunte onde”, “Pergunte ainda” e “Pão e rosas para todos”, que serão impressas em tecido com as cores do arco-íris.
A programação também será animada com shows de Raisa Alves, Zarinho Mureb e das drag queens Rodrigo Rodrigues como Monayra Manon, Lenival Dantas como Susan Marx e Hugo Belford como PVC. Hugo Belford também será responsável pela oficina de Vogue, que, mais do que um estilo de dança, é um movimento de reafirmação de identidade de gêneros e sexualidade.
Haverá, ainda, a mesa de conversa “Instabilidade política e social”, com a participação da psicóloga autista Claridad Geraldel, que faz um trabalho clínico voltado à população queer e neurodivergente, e do médico psiquiatra David M. Achaval, especialista em ansiedade, depressão e deteriorações cognitivas.
Também será realizada palestra com a doutora em história Eliza Toledo, que tem pesquisas voltadas para gênero, violência, história das mulheres, histórias das ciências e da saúde com ênfase na história da psiquiatria.
A programação também inclui a exibição dos filmes “Cabaré Eldorado: O Alvo dos Nazistas”, de Benjamin Cantu, “Retrato de uma Jovem em Chamas”, de Celine Sciamma, e do curta-metragem “Point 44”, de Marcio Paixão.
PROGRAMAÇÃO
DIA 20 DE FEVEREIRO DE 2025, QUINTA-FEIRA
· 18h - Abertura da exposição Nus, de Carlos Scliar
· 19h – Exibição do filme Cabaré Eldorado: O Alvo dos Nazistas (Direção: Benjamin Cantu)
· 20h30 – Mesa de conversa com o tema: Instabilidade política e social, com a psicóloga Claridad Geraldeli e o médico psiquiatra David M. Achaval.
DIA 21 DE FEVEREIRO DE 2025, SEXTA-FEIRA
· 19h – Exibição do curta Point 44 (Direção: Marcio Paixão)
· 21h – Show com Drags: Rodrigo Rodrigues como Monayra Manon Lenival Dantas como Susan Marx Hugo Belford como PVC
DIA 22 DE FEVEREIRO DE 2025, SÁBADO
· 16h – Oficina de Vogue com Hugo Belford.
· 17h – Exibição do filme Retrato de uma Jovem em Chamas, de Celine Sciamma
· 18h30 – Palestra com Eliza Toledo, doutora (COC-Fiocruz) em história com pesquisas voltadas para gênero, gênero e violência, história das mulheres, histórias das ciências e da saúde com ênfase na história da psiquiatria.
· 20h – Shows de Raisa Alves e Zarinho Mureb
SOBRE A CASA MUSEU CARLOS SCLIAR
O Instituto Cultural Carlos Scliar (ICCS) foi criado em 2001, mesmo ano da morte de seu patrono. O processo para criação da instituição foi acompanhado pelo artista, um acordo que fez com o filho Francisco Scliar para manter sua memória.
Fundada por Francisco Scliar junto com os amigos: Cildo Meireles, Thereza Miranda, Anna Letycia, Regina Lamenza, Eunice Scliar, entre outros conselheiros, a instituição, aberta ao público em 2004, está sediada na casa/ateliê do pintor, em Cabo Frio, Rio de Janeiro.
Trata-se de um sobrado oitocentista, com cerca de 1000m², adquirido em ruínas por Scliar, reformado em 1965 para abrigar seu ateliê e ampliado na década de 1970, com projeto de Zanine Caldas. A casa mantém a ambientação dos espaços deixada por Scliar, com seus objetos pessoais, acervo documental, bibliográfico, gravuras, desenhos e obras.
A coleção resulta da produção do próprio artista ao longo de sua vida, somado a uma expressiva e representativa coleção de obras originais dos mais importantes artistas do cenário brasileiro do século XX, os amigos José Pancetti, Djanira, Cildo Meireles, Di Cavalcanti, Aldo Bonadei, entre outros, além de cerca de 10 mil documentos datados desde a década de 1930.
Reforçando seu compromisso sociocultural, ao longo dos últimos três anos foram atendidos mais de 1000 estudantes do estado do Rio de Janeiro, em projetos educativos. Em 2023, a instituição foi agraciada com o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação Museal, promovido pelo IBRAM.