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  • Mãe Preta – memória da escravidão, maternidade e feminismo

    Da Redação em 22 de Julho de 2016    Informar erro
    Mãe Preta – memória da escravidão, maternidade e feminismo
    Local: Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea
    ENDEREÇO: R. Pedro Ernesto, 32/34 - Gamboa
    CONTATO: 21 2516-7089
    DETALHES: De 25/07 25/09/16 | De terça a sexta das 13h às 19h | Sábado - das 10h às 13h | Grátis

    A exposição Mãe Preta reúne as conhecidas imagens das amas-de-leite negras, registradas desde meados do século XIX ao início do século XX e são o ponto de partida da pesquisa das artistas Isabel Löfgren e Patricia Gouvêa.

    Com a curadoria de Marco Antonio Teobaldo, a mostra busca traçar os elos e ressonâncias entre a condição social da maternidade durante a escravidão e as vozes de mulheres e mães negras na contemporaneidade. A exposição reúne obras em fotografia, gravuras, vídeo e instalações criadas especialmente para o IPN, onde está localizado o sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos, no qual milhares de africanos escravizados recém-chegados ao país foram enterrados à flor da terra, na primeira metade do século XIX.

    “A exposição é uma reinvenção poética da iconografia relacionada às mães pretas dentro de uma linguagem contemporânea, tendo como ponto de partida imagens do acervo do Instituto Moreira Salles e releituras de livros com gravuras de Jean-Baptiste Debret, Johan Moritz Rugendas e outros artistas. Por meio de intervenções nessas imagens com objetos óticos, como lupas e vidros, destacamos a complexidade das relações das amas-de-leite com as crianças brancas de seus senhores, e das mulheres escravizadas e seus próprios filhos. De tão conhecidas, estas imagens são vistas de forma superficial e não revelam as histórias de violência sofridas por estas mulheres”, explica Patricia Gouvêa.

    Nesse sentido, marcas naturais do tempo em reproduções de negativos de Marc Ferrez são aproveitadas para simbolizar cicatrizes expostas em composições fotográficas, em substituição a cópias perfeitas. Trata-se de uma estratégia artística cujo objetivo é realçar o salto temporal entre o passado e o presente e as invisibilidades, lacunas e silêncios vividos pelas retratadas, que continuam a reverberar no presente das mulheres negras brasileiras.

    "De acordo com Marco Antonio Teobaldo, curador da exposição, as artistas têm realizado uma apurada pesquisa nos últimos 18 meses sobre o tema, que desencadeou uma série de reflexões e perspectivas acerca da mulher negra no Brasil. Por esta razão, as autoras optaram por dar voz a estas mulheres, por meio de um trabalho em vídeo, para que elas possam falar sobre maternidade, discriminação, memória, ancestralidade e outros temas. Como parte de um trabalho mais conceitual, estatísticas de mortalidade infantil da época de funcionamento do Cemitério dos Pretos Novos serão comparadas com dados atuais.

    A exposição deixará como legado uma reformulação da biblioteca do IPN, onde uma nova seção feminista reunirá títulos de autoras negras e obras sobre protagonismo negro. Além disso, uma área voltada para a literatura infanto-juvenil destacará títulos onde crianças negras são protagonistas. As paredes da biblioteca terão retratos de heroínas negras desde Anastácia, Tereza de Benguela e Nzinga de Angola às feministas afro-brasileiras Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro, entre outras mulheres que representam as conquistas sociais, luta e resistência da mulher negra no Brasil.

    O trabalho se propõe a contribuir para o debate sobre a memorialização da escravidão, que ocorre no Rio de Janeiro desde a descoberta do sítio arqueológico do Cais do Valongo, em 2010, com o resgate de parte da história da cidade e do Brasil até então soterrada. A programação da exposição inclui palestras e oficinas com historiadores da escravidão, escritoras e artistas negras que ativarão o espaço com reflexões sobre a representação de raça e gênero na sociedade. Uma publicação em papel jornal, suporte muito usado pela imprensa abolicionista, será distribuída gratuitamente.


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