Faz 11 anos que os muros da Vila Operária, em Duque de Caxias, não são mais os mesmos. Cenário do "Meeting of Favela" (MOF), maior encontro voluntário de arte urbana do mundo, a região recebe mais uma edição do evento. São artistas de todos os continentes que se encontram para pintar as paredes da comunidade, que se tornou uma grande galeria a céu aberto. O foco é o grafite, mas o MOF reúne ainda apresentações de B-boys, MCs, DJs, skatistas, atores de teatro e circo, videomakers e fotógrafos.
O tema da 12ª edição é “Respeite as origens”. A frase faz referência às raízes do grafite, à geração anterior que fez história no início do movimento. “Éramos um coletivo da Baixada Fluminense, que se chamava Posse 471, em uma época que o grafite ainda não era bem visto pela sociedade. Nós tínhamos que lutar contra o preconceito de sermos de fora do Rio de Janeiro. Hoje, somos parte da narrativa do grafite nacional e ainda mantemos a nossa essência. Com esse tema, queremos relembrar a trajetória dos primeiros grafiteiros e motivar a galera que está fazendo a cena atual acontecer”, explica Carlos Bobi, um dos criadores do MOF.
Para este ano, o evento já tem confirmada a participação da ONG ArtisLove (Barcelona/Espanha), da rede feminista de grafiteiras REDE NAMI e sua fundadora Pamela Castro (RJ), os uruguaios do Colectivo Licuado, e o artista francês NoeTwo, que vem acompanhado de dois jornalistas da Revista Vice - estão produzindo um documentário sobre o artista e, por isso, vêm ao MOF acompanhá-lo nesta experiência.
Durante o dia do evento, cada grafiteiro bate na porta dos moradores pedindo licença e autorização para pintar o muro ou a parede do imóvel. Os moradores têm completa liberdade, e a exercem bem, para permitir ou não, para sinalizar o local que pode ser pintado e até para encomendar o tipo de pintura que gostariam de ter decorando as suas paredes. Ao final, os muros formam um grande painel, como uma exposição de grandes obras em progresso. Todo ano, são gastas cerca de 5 mil latas de spray para colorir a Vila Operária.
O encontro também gera renda para os moradores, que prestam serviços, hospedam visitantes e vendem produtos. Alguns deles, inclusive, já fazem parte da equipe de produção do evento e colaboram para a realização do projeto. Por tudo isso, o MOF acabou se tornando parte do calendário afetivo da Vila Operária.
Apesar do caráter voluntário, o MOF é realizado com extrema organização. Para controle, os grafiteiros participantes são cadastrados gratuitamente através da página do evento no Facebook (www.facebook.com/meetingoffavela). Os estrangeiros, e os que vêm de fora do Rio, podem solicitar uma vaga no alojamento que é montado na Colégio Estadual Vinícius de Moraes, base operacional do evento.
Cadastramento gratuito:
www.facebook.com/meetingoffavela