A exposição “PERÉIO – Semana que vem eu me organizo” inaugura uma nova fase da galeria do Sesc Tijuca, no Rio, abrindo ao público um lado pouco conhecido de Paulo César Peréio, que completaria 85 anos em outubro de 2025.
Gratuita, a mostra apresenta pela primeira vez desenhos, cartas, poemas, anotações e objetos do ator, produzidos em seu apartamento na Bela Vista, em São Paulo. A visitação começa em 1º de novembro e segue até fevereiro de 2026.
Organizada pelos filhos Lara, João e Thomaz Velho, a exposição expõe a dimensão mais livre e inventiva do artista, que transformava o cotidiano em experimentação. O visitante será levado a um ambiente que reproduz o clima caótico e fértil de seu lar, onde cada objeto ganhava novo sentido e a desordem se tornava processo criativo.
A arquitetura e cenografia são assinadas por Tania Sarquis, Daniel Leão e Thiago Borges, dos estúdios Sauá e Mostra – Arte e Arquitetura, recriando o universo doméstico do ator. O percurso expográfico conduz o público por projeções, vídeos e áudios inéditos, revelando a potência sensível e o humor que marcaram sua trajetória.
Entre os destaques está a instalação “Bela Vista”, composta por vídeos montados a partir de fotos feitas por Lara Velho na cobertura do apartamento, muitas com o próprio Peréio em cena. Há ainda gravações em que o artista canta, fala e conta histórias, compondo um retrato afetivo de sua intimidade. Thomaz Velho apresenta uma obra inédita em homenagem ao pai, enquanto João Velho dirige leituras teatrais com convidados que conviveram com o ator.
O conjunto de desenhos, escritos e objetos revela vínculos afetivos com a família e com mulheres marcantes em sua vida, como Neila Tavares e Cissa Guimarães. A ideia da mostra surgiu a partir de uma provocação da artista Pinky Wainer, entrevistada por Peréio no programa Sem Frescura (Canal Brasil), que sugeriu transformar seus registros caseiros em livro — sugestão que inspirou os filhos a reunir o acervo agora exibido.
A direção de arte é de Lara e Thomaz Velho, as leituras teatrais têm direção de João Velho, e a curadoria é da professora Adriana Nakamuta.
Figura essencial do cinema e do teatro brasileiro, Paulo César Peréio destacou-se por sua presença vigorosa e personalidade provocadora em filmes como Terra em Transe (1967), Bang Bang (1971) e Eu Te Amo (1981).