O livro Memórias Sangradas, de Ricardo Beliel, entrelaça histórias de 43 personagens que vivenciaram o cangaço, fenômeno que dominou o interior de sete estados nordestinos entre os anos de 1920 e 1940.
A partir de uma coletânea de 125 fotografias autorais e históricas o leitor adentra nos aspectos da vida sertaneja, que está se extinguindo nas suas tradições orais, e a própria experiência do autor em busca dessas histórias por mais de uma década.
O livro de grande apelo visual e fotógrafico pode ser adquirido no site da Editora Olhares e foi lançado em dezembro 2021.
Sobre a obra
Beliel percorreu 11 mil quilômetros em nove viagens, entre 2007 e 2019, realizando uma investigação incessante para montar , através de suas lentes, o quebra-cabeças dessa história, que está para completar um século. Com sua vasta experiência em grandes reportagens, buscou os resquícios das memórias do cangaço. Enquanto era tempo, quis ouvir direto da fonte de quem conviveu com o movimento.
No texto, os depoimentos diversos e a experiência pessoal do autor em busca de seus personagens nos próprios ambientes originais, são apresentados em uma narrativa mesclada por elementos das linguagens de reportagem, crônica histórica e, em parte, como um diário de viagem ilustrado por fotografia de personagens descendentes desse período histórico e marcante no Brasil.
“Que prazer ouvir prosas e histórias de vidas desse sertãozão sem porteira. Que entusiasmo há nas palavras, olhares e gestos daqueles que nos contam tantas histórias maravilhosas sem a arrogância dos que acreditam saber mais que os outros”, diz Beliel. “Esses sabem, sabendo de forma simples, as coisas essenciais de suas vidas. O coração do sertão nordestino, em cujas artérias empoeiradas circula o sangue que mantém a memória viva desses tempos do cangaço, pulsa nas coisas simples, nas conversas de fim de tarde, nas histórias que se revelam por entre olhares e gestos de generosa sabedoria”, afirma. “O sertão é Deus e o Diabo é a degola do Brasil.”
Segundo ele, ao completar oito décadas de suas mortes, Lampião e Maria Bonita parecem estar mais vivos do que nunca no imaginário coletivo dos que moram pelos quatro cantos do agreste e do semiárido nordestino. Seus nomes e vidas, embora não façam parte das lições escolares, são reconhecidos e reverenciados por qualquer cidadão brasileiro.
“O tema cangaço tem sido um estímulo permanente para a literatura, o cinema, as artes visuais e a cultura popular por mais de um século”, fala. “Com a riqueza semântica da tradição oral que os caracteriza, os relatos reunidos no livro ajudam a recuperar para a historiografia do país um caminho para redesenhar a memória e a mística da gente sertaneja, suas histórias entrelaçadas à época do cangaço, seus espaços sociais, religiosos e costumes".
Beliel é um profissional respeitado que já atuou nos principais veículos de comunicação do país.
Memórias sangradas: vida e morte nos tempos do cangaço
De Ricardo Beliel, pela Editora Olhares
320 páginas
Formato 18x25cm, capa dura
125 fotografias
Preço: R$ 129
Apoio Itaú Cultural
Foto: Paulo Santos/FB de Ricardo Beliel