Marco da música independente carioca, o álbum Saudade das Minhas Lembranças, lançado em 2004, completa 20 anos e o grupo Nervoso e os Calmantes voltam aos palcos com dois shows especiais no mesmo fim de semana: dia 31 de maio, no Espaço Cultural Neu, em Niterói, às 20h, e dia 1º de junho, no Teatro Ruth de Souza, em Santa Teresa, às 17h, com entrada franca.
“Vamos revisitar o repertório de Saudade das Minhas Lembranças e levar o público numa viagem sonora pelas diferentes fases da banda desde sua formação original, em 2003, até os dias atuais”, conta André Paixão, o Nervoso. Para isso, os shows contarão com participações especiais de músicos que fizeram parte da trajetória dos Calmantes, como os bateristas Marcelo Callado, Robério Catelani e Pedro Schroeter, o baixista Kiko Ramos, além dos guitarristas Benjão, Alê de Morais e Bruno Rezende, nomes que marcaram época ao lado de Callado na banda Carne de Segunda, referência do underground carioca.
Juntos, os músicos irão revisitar várias fases da banda, revivendo os arranjos originais e dando nova vida a um repertório que segue atual. Com influências como Mano Negra, Ronnie Von, The Clash, The Who, Mutantes, Air, Rita Lee e Cafe Tacuba, o álbum recebeu elogios da crítica na época de seu lançamento e se consolidou como um retrato sincero e visceral do cotidiano urbano, das paixões frustradas e da vida noturna carioca.
Serão duas noites em que esses músicos todos vão matar as saudades das muitas lembranças que ficaram marcadas em suas memórias ao longo desses 20 anos de estrada. Como, por exemplo, a participação de Rodrigo Amarante na gravação de “Mais Justo”, em 2004. Na canção, uma sensível homenagem ao filho Guilherme, que acabara de dizer “papai” pela primeira vez, Nervoso divide os vocais com Amarante, então com pouco mais de 20 anos. O encontro foi parar no palco do festival Humaitá Pra Peixe daquele ano! Hoje, Guilherme tem praticamente a mesma idade de Amarante na época da gravação.
O álbum Saudade das Minhas Lembranças, também conta com a participação especial de uma das vozes mais marcantes da poesia marginal brasileira: o poeta Chacal. A colaboração nasceu de um encontro regado a cerveja na casa cultural Tá na Rua, na Lapa, onde Nervoso e o poeta protagonizaram uma espécie de batalha boêmia entre amigos — que deixou o ambiente tomado por latas vazias. O caos da noite virou arte. Inspirado pelo clima surreal da madrugada, Chacal escreveu o poema inédito Latas Vazias, que entrou no disco como uma peça sonora-poética e simbólica da convivência entre música e palavra.
Recentemente, durante os ensaios para a turnê de 20 anos do álbum, a banda viveu um encontro especial. No mesmo estúdio, celebrava-se o aniversário do baterista Gustavo Schroeter, da lendária banda A Cor do Som. Gustavo é pai de Pedro Schroeter, atual baterista dos Calmantes.
Naquele momento uniram-se pai e filho, passado e presente da música brasileira, num mesmo compasso. Para completar a conexão, Gustavo prepara o lançamento de um novo single com produção assinada por Nervoso. O encontro informal, embalado por três gerações de música, foi uma celebração da continuidade e da amizade que une os bastidores da cena musical brasileira.
Além de revisitar o disco na íntegra, os shows prometem momentos como esses, de afeto, de improviso, de reencontros emocionantes, e a mistura entre o ruído e a melodia que sempre caracterizou o som dos Calmantes. "É mais que uma celebração de um disco. É uma celebração de encontros, de amizade, da música e da história que a gente construiu junto e que continua pulsando", finaliza Nervoso.
Classificação: livre