Oitenta anos após sua estreia mundial absoluta, em Zurique, em 1942, o Brasil finalmente assistirá pela primeira vez a célebre ópera “O Vinho Encantado” (“Le Vin Herbé” em tradução livre), do compositor suíço Frank Martin (1890-1974), em única apresentação, gratuita, no dia 11 de dezembro, domingo, no Salão Assyrio do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com idealização e direção artística de André Heller-Lopes – projeto contemplado no Edital Municipal em Cena 01-2021 da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Governo do Rio de Janeiro.
Um Tristão com uma diferença. Assim foi definida esta original ópera, que flerta com o oratório e com a associação ao famoso drama de Richard Wagner, “Tristan und Isolde”. Porém, há nesta versão algo mais: o universo das lendas celtas e medievais recontado pela poesia de Joseph Bédier em “Le Roman de Tristan et Iseult”, onde aparecem personagens estranhos à trama wagneriana, como a mãe de Isolda, o Duque Hoel ou ainda uma segunda Isolda, com quem Tristan casa-se para esquecer a outra Isolda.
A lenda da poção mágica que libertou o amor trágico de Tristão e Isolda, na versão de Martin, alcançou fama mundial após sua estréia cênica no Festival de Salzburgo de 1948. Seguiram-se produções em dezenas de grandes teatros mundo afora. Elas garantiram a “Le Vin Herbé” seu lugar de destaque dentre as obras do nosso tempo. Seu formato mistura as funções de artistas do coro e solistas, colocando-os em contato com a platéia de uma forma poucas vezes explorada nos palcos líricos.