Resgatando o clima de gafieira que encantou o Rio de Janeiro vários anos, o guitarrista e arranjador Rogério Guimarães, um dos mais respeitados da sua geração, reuniu oito dos mais talentosos instrumentistas da cena musical para formar o Rogério Guimarães Octeto e apresentar o show “Guitarra na Gafieira”.
Uma orquestra de gafieira tinha, tradicionalmente, mais de oito integrantes. Em muitos casos, havia um cantor (crooner) e os arranjos privilegiavam os sopros. As propostas de Rogério são outras. A começar pela formação, a de um octeto. A outra é a de tirar a guitarra do lugar de base e fazer dela protagonista.
“A ideia da guitarra como instrumento solista numa banda de gafieira é o resultado da soma de elementos que formaram minha identidade, que vai da música brasileira e do samba, nos seus diversos formatos, ao som das Big Bands, que ouço desde criança”, explica Rogério destacando o uso do instrumento: “Para esse projeto, quis misturar o som da guitarra, suavemente distorcido como usado no blues e no rock, com um fraseado mais jazzístico. Isso tudo à frente de uma banda de gafieira, com a base de piano, baixo e bateria e um pequeno naipe de sopros”.
O que não significa que a guitarra vai “roubar a cena”, uma vez que todos os instrumentos estão irmanados num propósito: o de não deixar ninguém parado. E o repertório colabora para isso. O roteiro vai dos anos 1930, quando começa a chamada Era de Ouro do Rádio, aos anos 1970, década que nos brinda com o talento de Djavan (“Flor de lis” e “Avião”), que despontou, naquela mesma década e, não à toa, como crooner de casas de show.
Quatro gênios do samba são reverenciados de cara: Noel Rosa (“Conversa de Botequim”); Lupicínio Rodrigues (“Se Acaso Você Chegasse”), Ary Barroso (“Na Baixa do Sapateiro”) e Geraldo Pereira, representado por “Sem Compromisso”. A bossa nova faz-se presente com um de seus principais inventores, Jonnhy Alf, do qual foi escolhida “Rapaz de bem”. Outro mestre da época é Billy Blanco que, em 1954, criou o “Estatuto da Gafieira”, mui apropriadamente lembrado para o show.
Três outros mestres não poderiam estar de fora: Jacob do Bandolim, Nelson Cavaquinho e Chico Buarque. O primeiro teve recriado seu “Assanhado”, o segundo faz-se presente com a clássica “A Flor e o Espinho” enquanto Chico é exaltado através do seu “Samba do Grande Amor”.
O repertório traz o que há de mais representativo da boa música brasileira. Os músicos são dos mais competentes. Os arranjos e as recriações, primorosos. A partir dessa soma, o resultado é um baile da melhor qualidade. Só fica parado quem quiser.
Guitarra na Gafieira:
Rogério Guimarães Octeto: Rogério Guimarães (guitarra, arranjos e direção musical), Alex Rocha (baixo), Bruce Lemos (teclados), Kim Pereira (bateria), Tony Karika (percussão), Luiz Alves (trompete), José Bigorna (saxofone) e Josiel Konrad (trombone)
Direção de produção: Rosely Máximo
Uma realização SESC Pulsar