Escrita por Rafael Martins e dirigida por Rô Sant’Anna e Jack Santtoro, A Mão Na Face conta a história do encontro entre a prostituta Mara e a drag queen Gina, em uma noite de diálogos profundos, revelando uma dura realidade que não foge à beleza da vida. O espetáculo fica em cartaz até dia 16 de fevereiro no Centro Cultural da Justiça Federal.
A peça de estreia do Coletivo Luar, formado por Jesus Borges, Renata Leite e Jack Santtoro, se tornou sua marca maior, levando o grupo a ganhar diversos prêmios e a permanecer em cartaz nos últimos sete anos.
Em um fluxo de pensamentos compulsivo, risível e doloroso, Mara e Gina se montam e desmontam ao olhar dos espectadores. O público é convidado a testemunhar a intimidade dessas duas companheiras da noite, divas, amigas, rivais. Figuras marginalizadas na sociedade, que entre um show e um programa numa boate qualquer, conseguem expor mais do que apenas seus corpos. Repleto de graça e melancolia, o espetáculo é uma ode à vida, apesar das mazelas sociais.
Nas mãos do Coletivo Luar, a montagem de A Mão Na Face recebeu prêmios de Melhor Texto, Melhor Espetáculo, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Direção pelo Festar RJ (Festival de Teatro de Araruama) de 2021; ganhou também o Prêmio Olho Vivo nas categorias Espetáculo do Ano e Arte Sem Fronteira em 2023; e foi indicado a melhor atuação no Festival dos Ciclomáticos em 2024.
Segundo o coletivo, “o espetáculo retrata o inventário que podemos fazer de nossas vidas, de nossas quase-vidas, do que queríamos e do que deixamos de querer, aquele inventário que nos remete às memórias que preferíamos manter ofuscadas.” Com uma encenação realista, poucas movimentações e foco no que é dito, o espetáculo é um convite a olhar para dentro de si, suscitando questionamentos sobre dignidade, memória e deslumbramentos.
COLETIVO LUAR
Formado por Renata Leite, Jesus Borges e Jack Santtoro, o coletivo une artistas de três estados diferentes (Ceará, Goiás e Paraná), e nasce a partir do desejo de fazer parte da cena teatral carioca. Segundo Jesus Borges, foi como se A Mão Na Face, para eles, caísse do céu:
“Eu sempre fui um ator muito atrevido, audacioso e produtor. Ao longo da minha trajetória fui criando minhas possibilidades e colocando minha arte na rua. Coincidentemente, a Renata tem o mesmo perfil então nossa identificação foi imediata. Queríamos trabalhar, mas ainda não fazíamos parte da cena teatral carioca. Começamos a busca por um texto e ela trouxe o livro do Rafael Martins que tinha “A mão na face”. Lemos e foi amor à primeira vista. Sabe quando a palavra tá na nossa embocadura? Eu já era a Gina, e a Renata já era a Mara.”, revela o ator.
A segunda peça do grupo é Sussuarana, uma criação coletiva com a escrita de Jack Santtoro e a direção do Jonyjarp Pontes, que fala sobre relação tóxica. Em 2024, lançaram seu primeiro curta metragem, “Ensaio sobre a vida” com texto de Jesus Borges, baseado em uma história real. O filme foi exibido pela primeira vez no cinema em novembro e agora participa de festivais munda afora. Ainda em 2024, o grupo lançou um ciclo de leituras dramatizadas no Teatro Gonzaguinha, com outros artistas convidados e aberto ao público. O Luar também assinou produções como “Perdoa-me por me traíres” de Nelson Rodrigues e “Filé com fritas ao Vinagrete” de Fernando Lira.
Para o coletivo, estar em ação é a chave. “Nosso histórico como artistas antes de virmos para o Rio de Janeiro e nossa trajetória enquanto coletivo é marcada pela auto produção. Criar o próprio caminho, ser palco de possibilidades que dependam de nós mesmos. O caminho a gente descobre caminhando, e é no movimento que a coisa acontece”, concluem os artistas.
Classificação: 14 anos
Duração: 55 minutos
Sextas e Sábados às 19H | Domingos às 18H