Escrito por Júlio Kadetti, dirigido pela atriz e diretora Cristina Pereira e interpretado pela atriz Érica Collares, "E o resto é silêncio - Juana Inés de la Cruz", é um monólogo que fala de uma personagem real, forte e apaixonada: Juana Inés de la Cruz, uma mulher que foi perseguida, censurada, presa e condenada ao silêncio.
Com um profundo corte cirúrgico, o autor utiliza a voz da personagem para revelar de forma impactante como uma sociedade estruturada a partir de interesses patriarcais, trata e destrata as mulheres que ousam lutar por seus direitos e gritar contra a opressão.
No México de 1669, Juana Inés de la Cruz era poetisa da escola barroca, dramaturga, filósofa e freira, considerada a primeira feminista da história, foi também a última dos grandes escritores do Século de Ouro.
Afirmar que Juana Inês de La Cruz foi uma mulher à frente do seu tempo e musa precursora da revolução feminista que ganhou força a partir do século XX , é uma verdade. Mas também é um erro no tempo verbal, pois Juana não foi, Juana É uma mulher que, mesmo tendo nascido há mais de trezentos anos, continua atual e sendo figura de suma importância dentro do movimento reivindicatório pelos direitos das mulheres.
Quem conhece a trajetória desta intelectual mexicana nascida na segunda metade do século XVII, sabe que nenhum outro vulto feminino da história universal tem mais condições de ser apontada como personagem símbolo das lutas que permitiram às mulheres ser classificadas como ser humano autônomo, independente e com direito e capacidade para escolher livremente sua vida emocional, acadêmica, política, sexual, religiosa.
Conhecida pelo apelido de "Fênix da América" ou "A Décima Musa" foi rebelde e decidida. Depois de se transvestir para cursar a universidade, onde só os homens eram admitidos, foi enviada para a cidade do México para servir de dama de companhia à vice rainha Leonor Carreto, com que viveu uma história de amor.
Perseguida por representantes da igreja católica que ameaçavam levá-la à fogueira, Juana, depois de um duro julgamento do tribunal da Inquisição, é presa, privada da leitura e condenada ao silêncio, confinada em um convento carmelita, onde passa os restos dos seus dias.
Com a montagem e exibição de o “E O RESTO É SILENCIO - Juana Inés de la Cruz”, a produção objetiva levar ao público um espetáculo que traga entretenimento, mas que também deixe um sentimento, que conquiste o espectador de maneira a fortalecer a relação da sociedade com a arte cênica. Um espetáculo sem ideologia, sem palavrões ou qualquer cena e frase que agrida a moral, mas que fale claramente sobre a importância da igualdade da mulher na sociedade.
O objetivo é trazer esperança e emoção, fazer pensar, mas, principalmente, provocar uma reflexão no público a respeito de diversidade, preconceito e liberdades.
SINOPSE
Século XVII. Nova Espanha (atual México). Juana Inês de la Cruz, descendente de indígenas, poetisa, filósofa e dramaturga, é julgada pela Santa Inquisição e condenada, mas sua pena é substituída pela obrigação de se isolar em um convento e fazer voto de silêncio. Então, Juana abre seu coração para nos contar a sua fascinante história, marcada pela luta contra um sistema patriarcal que tirava das mulheres o direito à integração e inclusão na família, na nobreza, na religião, na família, na cultura e outros segmentos da sociedade.
Ao narrar esta história de sonhos, batalhas, amores, fé e derrotas, ressalta as adversidades da mulher na sua luta pela educação e conhecimento. Fatos históricos serão exibidos com respeito e precisão, mas fazendo um espetáculo de teatro, com cenas criativas e momentos de tensão, através de uma personagem marcante e intensa. Enfim, apresentado um grande espetáculo teatral.
FICHA TÉCNICA:
Interpretação: Érica Collares
Texto e Dramaturgia: Júlio Kadetti
Direção: Cristina Pereira
Produção e Arte: Guillermo Dalchiele
Direção de Movimento: Júlia Franca
Cenografía: Letícia Ponzi
Figurinos: Helena Myara
Trilha Sonora: Henrique Bulhões