Obra-prima do autor irlandês Samuel Beckett, ganhador do Nobel de Literatura em 1969, ‘Esperando Godot’ estreia dia 28 de novembro no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro.
‘Esperando Godot’ é uma peça de forte simbologia para a Companhia de Teatro Oficina Uzyna Uzona – foi o último espetáculo de Cacilda Becker (montado em 1969), força motriz de criação para as muitas gerações de artistas do Teatro Oficina. A montagem foi a última peça dirigida por José Celso Martinez, falecido em julho de 2023.
A peça marca o retorno de Alexandre Borges a um espetáculo da companhia depois de 30 anos. O ator viveu o Rei Cláudio na montagem de ‘Hamlet’, de William Shakespeare, em 1993, espetáculo que reinaugurou o Teatro Oficina, com o atual projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi e Edson Elito.
Escrita em 1949, pós-Segunda Guerra Mundial, ‘Esperando Godot’ é uma grande parábola da sociedade moderna. É o testemunho do um fim de uma época, do declínio de uma sociedade, do esgotamento da possibilidade de ação humana na medida em que perdemos a noção da nossa existência.
No teatro se encarnam as entidades do mundo que atravessam as épocas, os corpos, as guerras e a peste, criando novos mundos, imaginando, experimentando e interpretando a vida a partir do fogo dos que vieram antes de nós e dos que nos esperam adiante. No Brasil, no mundo, muitas vidas estão agora sob grande ameaça. Estados assumem sua ação em políticas de morte. Todos os povos que neste momento, e desde há muito, pulsam suas existências e se insurgem contra as violências institucionais estão sob a mira da extinção, do apagamento, do desaparecimento forçado.
A Árvore que está presente no Beckett é uma personagem muito importante na montagem, totem das transmutações do tempo, é um sujeito que catapulta ações na cena e fora dela. Tem correspondências diretas com a árvore plantada por Lina Bo Bardi, nos anos 80, nas terras internas do chão do Teatro Oficina: uma Cesalpina; faz ligação direta, ainda, com a árvore tombada pela tempestade e que insiste em germinar e dar frutos, na horizontal, mais vivo do que nunca, no último chão de terra livre do Centro de SP, entre as Ruas Jaceguai, Japurá, Santo Amaro e Abolição. A Árvore de ‘Esperando Godot’ é o que insiste e reexiste como força cosmopolítica de insurreição da vida, como o Rio Bixiga, que corre a 4m do chão, no epicentro das terras verdes que circundam o Teatro Oficina.
Sinopse:
Estragão (Marcelo Drummond) e Vladimir (Alexandre Borges) são dois palhaços vagabundos que se encontram no fim do mundo, na encruzilhada entre a paralisia e a tomada da ação. Enquanto esperam Godot, embora não saibam quem ou o que é, a dupla se encontra com as personagens que passam pela estrada: Pozzo – O Domador (Ricardo Bittencourt), Felizardo – A Fera (Roderick Himeros) e O Mensageiro (Tony Reis), que traz notícias inquietantes que podem determinar a perpetuação da inércia ou a libertação total da paralisia numa reviravolta absurda. Mas afinal, até quando Esperar Godot?
Ficha técnica:
- Direção: Zé Celso – Licenciado por Marcelo Drummond
- Dramaturgia: Samuel Beckett
- Conselheira Poeta: Catherine Hirsch
- Elenco: Estragão – Marcelo Drummond | Vladimir – Alexandre Borges | Pozzo – Ricardo Bittencourt | Lucky – Roderick Himeros | Mensageiro – Tony Reis
- Direção de Arte e Arquitetura Cênica: Marília Gallmeister e Marcelo X
- Direção de imagem: Ciça Lucchesi
- Direção de fotografia e câmera ao vivo:Igor Marotti
- Direção de Cena:Débora Balarini
- Trilha Sonora e Direção Musical: Felipe Botelho
- Desenho de luz: Luana Della Crist
- Operação de Luz: Victoria Pedrosa
- Operação de som: Camila Fonseca
- Figurino, Maquiagem e Visagismo: Sonia Ushiyama
- Realização: Teatro Oficina Uzyna Uzona
Site de vendas: https://riocultura.eleventickets.com/
Classificação etária: 14 anos
Duração: 3h30min, com intervalo de 15min
Capacidade: 685 pessoas