Depois de passar por São Paulo e pelo Sesc Copacabana, o espetáculo Veias Abertas 60 30 15, idealizado pela Aquela Cia., realiza nova temporada no Rio, desta vez no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, entre os dias 1º e 30 de novembro, celebrando os 20 anos da Cia, e tem direção de Marco André Nunes e texto assinado por Pedro Kosovski e Carolina Lavigne.
Apesar de inspirada no clássico do uruguaio Eduardo Galeano, a peça é uma releitura do livro, que já foi proibido no Brasil e denuncia a dependência econômica e a exploração do continente.
“A obra de Galeano aborda ciclos de exploração como o ouro, a prata, o café, o algodão e o açúcar. O foco central da narrativa da peça é o da banana, que deu origem à expressão "República das Bananas", apelidado dado aos países latino americanos e o massacre dos trabalhadores da Union Fruit, na Colômbia em 1928”, comenta Marco André.
Segundo o diretor, apesar da temática pesada, o espetáculo é permeado por números musicais de canto e dança, celebrando a beleza e a importância da festa para os povos subjugados.
“A peça se passa em “aulas de dança" e é dividida por ritmos musicais latinos, incluindo salsa, bolero, mambo, samba e punta (ritmo hondurenho). A trilha sonora inclui canções de artistas como Grupo Niche, La Charo, Nelson Ned, Perez Prado e Yma Sumac, com figurinos típicos e máscaras customizadas e regionais (peruanas, argentinas e brasileiras). O espetáculo busca fortalecer, em nós brasileiros, o senso de pertencimento latino-americano", reforça o diretor.
O nome do espetáculo - Veias Abertas 60 30 15 - se refere à duração das cenas, que vão diminuindo progressivamente de 60 segundos para 30, 15, 10 e 5 segundos, refletindo, de acordo com Marco, "um tempo nosso que está se esgotando" e a nova “sintaxe das redes" sociais, com seus vídeos de curta duração. “É como uma timeline do continente. Tivemos essa ideia porque temos pensado muito sobre como a nossa atenção é facilmente capturada por esse scroll infinito. Nosso tempo passou a ser dominado por esse imaginário fragmentado”, completa Pedro.
A peça narra a história de um casal, um militar e um funcionário da United Fruit, que se conhece em aulas de dança e decide se casar. O casamento coincide com o Massacre das Bananeiras, em 1928, na Colômbia, quando o Exército reprime uma greve, matando mais de 2 mil trabalhadores. A trama se desenrola em 80 quadros curtos, que variam entre 15 e 60 segundos. Máscaras tradicionais, figurinos típicos e músicas populares da América Latina compõem a cena. O ritmo fragmentado reflete os modos contemporâneos de consumir informação e memória.
Ficha Técnica
Direção: Marco André Nunes
Texto: Pedro Kosovski e Carolina Lavigne
Elenco: Carolina Virgüez, Juracy de Oliveira, Matheus Macena e Rafael Bacelar
Músicos: Felipe Storino e Pedro Leal David
Direção Musical: Felipe Storino
Direção de Movimento: Márcia Rubin
Cenário: Aurora dos Campos e Marco André Nunes
Cenógrafa Assistente: Juliana Augusta Vieira
Figurino: Fernanda Garcia
Iluminação: Renato Machado
Iluminador Assistente: Paulo Denizot
Assistente de Direção: Gabriela Ruppert
Assistente de Figurino: Mag Pastori
Máscaras originais: Rafael Bacelar
Operação de luz: Juliana Augusta Vieira
Operação de som: Fabio Luchs
Produção: Corpo Rastreado - Gabi Gonçalves | Nathália Christine
Idealização: Aquela Cia.
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos