Em “Let's Play That ou Vamos Brincar Daquilo”, Tuca Andrada celebra a vida e a obra de Torquato Neto (1944/1972), experimentador ligado à contracultura, poeta e letrista da música popular brasileira.
No palco, o ator está em companhia dos músicos Caio Cezar (que assina a direção musical) e Pierre Leite, além do público que também é parte da encenação. A temporada carioca de “Let´s Play That ou Vamos Brincar Daquilo” inicia no dia 15 de agosto de 2024, quinta-feira, no Teatro III do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, com apresentações de quinta a sábado às 19h e domingo às 18h, até 15 de setembro. As sessões com intérprete de Libras acontecem nos dias 24 e 31 de agosto. O patrocínio é do Banco do Brasil.
“Let's Play That" é o nome de uma poesia do Torquato Neto que foi musicada pelo Jards Macalé, Vamos Brincar Daquilo é uma tradução livre para o título em inglês, e esse sentido de jogo, de brincar, é um chamamento para o público se relacionar comigo durante o espetáculo”, revela Tuca Andrada.
Em um palco em formato de semi-arena, Tuca Andrada recebe cada pessoa do público que vai chegando e se acomodando, bem próximo dele, para acompanhar e se relacionar com o ator revivendo no palco a vida e a obra do poeta e letrista tropicalista Torquato Neto.
Em pouco mais de uma hora o ator esbanja energia, com sua fisicalidade intensa, performática – resultado de pesquisa que contou com apoio de Maria Paula Costa Rêgo –, ocupando todos os espaços da cena, interpretando um artista popular, em alguns momentos ele mesmo e em outros o próprio Torquato, contando, cantando, vivendo histórias e impressões suas, costurando a dramaturgia com canções de autoria do Torquato com parcerias diversas como: Mamãe Coragem (Caetano e Torquato), Minha Senhora (Gil e Torquato), Geléia Geral (Gil e Torquato), Lua Nova (Edu Lobo e Torquato), Pra dizer Adeus (Edu Lobo e Torquato), Destino (Macalé e Torquato), De cá pra lá de lá pra cá (Zeca Baleiro, Fagner e Torquato) e Marginália II (Gil e Torquato), cantadas em cena por Tuca Andrada, além de gravações de Ai de Mim, Copacabana, na voz de Gal Costa, Três da Madrugada, na voz de Caetano Veloso, Deus Vos Salve a Casa Santa e A Rua, essas duas como trilha sonora instrumental. Músicas que colocam em evidência o legado do artista para o Tropicalismo.
“Let's Play That ou Vamos Brincar Daquilo” envolve poesia, stand-up show, performance, jogo e aula-espetáculo. Durante pouco mais de uma hora, o mundo e o tempo de Torquato Neto tomam conta do palco e do ator, que narra sua visão da história, com ajuda apenas de um banco, sonoplastia, música, dança e com um chão coberto com as poesias de Torquato.
Assim, como numa roda de amigos, Tuca Andrada se encanta, canta e conta a história desse artista inclassificável e não enquadrável, sob qualquer aspecto. Mas ele quer falar sobre Torquato sem as amarras de uma narrativa biográfica tradicional, como já havia experimentado no aclamado musical sobre a vida do cantor Orlando Silva.
A ideia de Tuca, agora, é de retomar a simplicidade do contador de histórias, do repentista, do cantador de feira que apenas com a voz e o corpo conduz a audiência para fora do tempo presente, transportando-a para outros universos. Durante as apresentações o público é convidado a participar, opinando, criticando, sendo livre para falar o que quiser. Dessa maneira o espetáculo se reconstrói em cada récita, marcando assim uma característica fundamental na obra torquatiana que é o de se reconstruir a cada momento. E os universos de Torquato são muitos.
Poeta, jornalista, agitador cultural, compositor, cineasta, ator e um dos ideólogos do movimento mais importante na cultura brasileira, na segunda metade do século XX, a Tropicália. Torquato Neto era antes de tudo um apaixonado pelo Brasil e pelas diversas formas de comunicação. Apesar de uma vida curta – decidiu sair de cena aos 28 anos – mudou radicalmente a maneira de se fazer poesia e jornalismo no país. Nunca publicou um único livro em vida, mas sua obra continua reverberando em muitos artistas brasileiros até hoje, haja vista, o presente espetáculo.
“O importante, para ele, era comunicar. Com esse trabalho, o que eu desejo é poder instigar as pessoas a pensarem com ele. Acho que é uma figura muito interessante e importante para refletirmos sobre nossa sociedade”, conclui Tuca.
Criação e Atuação: Tuca Andrada, a partir da obra e vida de Torquato Neto
Direção, Cenário e Figurino: Tuca Andrada e Maria Paula Costa Rêgo
Direção Musical: Caio Cezar Sitonio
Músicos: Caio Cezar Sitonio e Pierre Leite
Direção de Movimento: Maria Paula Costa Rêgo
Iluminação: Caetano Vilela
Duração: 75 minutos
Classificação: 16 anos