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  • Nastácia, peça baseada na heroína do clássico “O Idiota” de Dostoiévski

    Da Redação em 21 de Outubro de 2019    Informar erro
    Nastácia, peça baseada na heroína do clássico “O Idiota” de Dostoiévski
    Local: CCBB Rio – Teatro III
    ENDEREÇO: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
    CONTATO: (21) 3808-2020
    DETALHES: De 23/10 a 22/12/2019 – de quarta a domingo, às 19h30 | Ingresso: R$ 30 / 15 | Instalação artística: de quarta a domingo, das 9h às 17h - Teatro III - Entrada franca.
    Baseado em Nastácia Filíppovna – heroína do clássico “O Idiota”, de Fiódor Dostoiévski – Nastácia une o teatro a outras linguagens artísticas (como instalação e videoarte) para contar a história de uma das mais instigantes personagens femininas da literatura universal.
     
    Com direção de Miwa Yanagizawa e dramaturgia de Pedro Brício, a peça se passa no apartamento de Nastácia, na noite do seu aniversário. Ela deve anunciar seu casamento com Gánia, união articulada pelo oligarca Totski, homem que a transformou em concubina desde a adolescência e a submete a um verdadeiro leilão naquela noite.
     
    A festa não acontece de maneira cronológica. “O passado irrompe de repente e toma conta da cena. A força do que aconteceu antes da festa está ali. A potência do drama dos personagens é o que nos arrebata, por ser tão vertiginoso, por se transformar de uma hora para outra diante dos nossos olhos”, conclui.
     
    Concebido entre 1867 e 1869, “O Idiota” está longe de ser anacrônico. Segundo o Datafolha, no ano passado 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil; e 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio. Para a diretora do espetáculo Miwa Yanagizawa, a arte é um espaço em que o artista pode, como mediador, reumanizar estatísticas devastadoras como essas. 
     
    “Às vezes, os números são terríveis, eles nos espantam sem tocar. São séculos de opressão e crueldade contra as mulheres e, muitas vezes, acho que não nos vemos responsáveis pela manutenção de tais tragédias humanas. Tomamos distância como se elas pertencessem a outro universo, como coisas que acontecem somente fora de nossas casas. Lemos números e seguimos nossas vidas repetindo gestos que alimentam a irracionalidade e a negligência com os outros, mas, sem perceber, estamos colaborando com o crescente e alarmante número da violência contra a mulher”, analisa. 
     
    Instalação artística 
     
    Além dos figurinos e da direção de arte, Ronaldo Fraga assina a instalação artística que fica em exibição no Teatro III com entrada franca. Durante o espetáculo, a instalação é o cenário que abriga a trama. É uma forma de amplificar a crítica presente em “Nastácia” e dialogar ainda com outros fortes temas abordados em “O Idiota”, como a descrição dos rostos dos personagens.
     
    O Príncipe Míchkin (o homem positivamente belo retratado por Dostoiévski) diz que, ultimamente, se fixa muito nos rostos. “Ele é o único que consegue ver as pessoas além da aparência”. A questão da beleza é muito presente no romance: o contraste da beleza enquanto matéria e a beleza dos valores de amor e compaixão. 
     
    A narrativa dos retratos de Dostoiévski também foi inspiração para o cineasta Cao Guimarães, autor da videoarte que integra a instalação. Em sua primeira incursão no teatro, ele diz que o trabalho foi realizado por meio de imagens e sons que se relacionam direta e indiretamente com “Nastácia” e “O Idiota”. Mas o principal objetivo, segundo ele, é ampliar a crítica e a reflexão em torno de um comportamento costumaz e perverso: a objetificação da mulher. 

    FICHA TÉCNICA:
    Dramaturgia: Pedro Brício
    Tradução: Paulo Bezerra
    Direção: Miwa Yanagizawa
    Elenco: Flávia Pyramo, Julio Adrião e Odilon Esteves
    Direção de arte (Instalação artística e Figurinos): Ronaldo Fraga
    Videoarte: Cao Guimarães


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      • Comentário do post Guilherme:
        Sem duvida nenhuma a melhor peça da temporada. Excelentes atores, figurinos, produtores e maravilhosa montagem. Parabéns à todos por este grande presente.


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