Luzia do Nascimento é uma fazedora de sabão: mulher preta, periférica, que leva em seu cesto muito mais do que garrafas de detergente. Sua história de determinação e resiliência é contada em PAI NOSSO, monólogo de Geise Prazeres com dramaturgia e direção de Vinicius Ávlis.
A produção do Coletivo ARAR - Afeto, Resistência e Arte parte de Brasília e chega ao Rio de Janeiro de 3 a 5 de outubro às 20h, no Teatro Cândido Mendes.
Que histórias carregam os vendedores que circulam pela cidade? Ao escrever PAI NOSSO, Vinicius Ávlis propõe uma reflexão sobre as desigualdades sociais, a violência institucional e a força da memória afetiva e ancestralidade no cotidiano de mulheres e mulheres negras brasileiras.
Luzia do Nascimento é uma fazedora de sabão e vendedora ambulante que precisa se reinventar após uma abordagem truculenta da Polícia Militar - ponto de partida inspirado em fato real, ocorrido em maio de 2023 na Rodoviária do Plano Piloto, no coração de Brasília, capital do país.
Alternando cenas de tensão e comicidade, nostalgia e resiliência, o monólogo é forte e ao mesmo tempo sensível, tem linguagem poética, mas também direta. Em atuação impactante e premiada, Geise Prazeres traz a oralidade e a força ancestral para se conectar com a plateia.
O olhar, as lembranças e reflexões de Luzia do Nascimento são uma janela que, por meio das vivências de uma mulher negra, apresenta o que há de mais profundo na existência humana. O espetáculo não tem caráter religioso, apesar do nome - é preciso assistir pra ver que ele faz todo sentido.