O espetáculo "Touro {Bull}", uma peça coreográfica que tem como tema a ancestralidade feminina na cultura do sertão do Cariri Cearense, será apresentado em oito sessões pela Cia Vatá de 7 a 17 de novembro (de quinta a domingo), no Mezanino do Sesc Copacabana, como parte da programação de temporadas do Edital de Cultura RJ Pulsar 2023/2024.
Concebida inicialmente como um concerto de sapateado, a obra transita por diversos ritmos brasileiros, como o maracatu, o samba, o baião, e com toques de orixás. A trilha sonora original dialoga com os batuques dos pés da atriz, dançarina e coreógrafa Valéria Pinheiro, que se inspirou nas “pisadas” e “trupés” dos brincantes e das manifestações culturais locais.
“O conteúdo é basicamente sobre a guerreira, a força da mulher sertaneja, a forma como ela se reinventa, se reconstrói e exerce de forma brilhante e harmoniosa essa resiliência. É isso sobre o que o Touro fala. É busca por sobrevivência acima de tudo, e no final do dia, a busca pela alegria. Somos brincantes”, explica Valéria.
Sinopse:
O espetáculo de dança Touro{Bull} é inspirado na sabedoria ancestral das mulheres do Cariri: um touro que gera, nutre e celebra a vida. As principais referências são as memórias da atriz, dançarina e coreógrafa Valéria Pinheiro, nascida em Juazeiro do Norte-CE, região do Cariri, criada com mestras e mestres populares, que circulou o mundo com sua Cia. Vatá de Dança.
O Touro{Bull} no sincretismo religioso brasileiro, está ligado à mitologia do orixá Iansã, orixá que rege a artista, uma performer de 65 anos, com prótese total no quadril direito, que reinventa sua maneira de existir: dançando, sapateando, cantando e trocando alegria em diversos territórios. “O que me inspira neste espetáculo são os meus ancestrais, as guerreiras que de alguma forma digerem e testam a casa, a família e força feminina”, completa Valéria.
Valéria Pinheiro
Composição cênica
O carro de boi é o principal elemento cênico, uma carroça com duas rodas grandes, sustentada e puxada por um ou dois bois. Durante dois séculos, o carro de boi foi o principal meio de comunicação e transporte do Cariri para o mundo. O tambor é outro objeto de cena.
Ao tocá-lo, a personagem entra em contato com sua ancestralidade. Enquanto os tambores se comunicam com o imaterial, o carro de boi se comunica com o material.
No figurino, um patchwork de tecidos e aviamentos foi pensado para revelar uma mistura de referências simbólicas, como uma armadura medieval de Joana D’Arc, com virtude e coragem, honra e força e o vermelho de Iansã.
Na maquiagem são usadas referências indígenas (urucum), mouros (pontos pretos) e do candomblé.
Já as muletas são uma escolha poética para reforçar a memória e a história da atriz/dançarina/coreógrafa que possui uma prótese total no quadril, que para se ressignificar, precisou implantar, tal qual uma ciborgue, ferramentas em seu corpo.
E a mesma coisa acontece com a personagem, que se fere e se reconstrói.
Cia Vatá
Hoje genuinamente cearense, a Cia Vatá foi fundada em 1994, no Rio de Janeiro, pela atriz, bailarina e coreógrafa Valéria Pinheiro. Desde 2000 ancorada no Ceará, ela é uma das companhias brasileiras com representatividade internacional, que apresenta essa mistura entre a cultura tradicional brasileira e a dança contemporânea. A linguagem mestra da Cia Vatá são os ritmos brasileiros e é a partir dessa técnica que a Cia expande o comportamento do corpo acoplando outras linguagens, unindo a música, a dança, o teatro, o circo e a folia.
Ficha técnica:
Intérprete Criadora: Valéria Pinheiro
Ator Brincante: Jeferson Vieira
Direção: Vinicio de Oliveira
Direção de Arte: Rodrigo Frota
Direção Musical: Wesley Santana
Fotografia: Marcelo Paes de Carvalho
Design de Luz: Walter Façanha
Adaptação de Luz RJ: Fernanda Mantovani
Direção de produção RJ: Ronaldo Tasso
Realização: ABCVATA