Enfrentar as queimadas é um dos maiores desafios do Brasil, com sérios impactos ambientais, sociais e econômicos. Diversos atores do setor público e da sociedade civil atuam juntos para buscar soluções.
Entre eles está Renata Libonati, docente do Instituto de Geociências (Igeo) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que foi escolhida como uma das “Personagens do Ano no Pantanal 2024” pela ONG Ecologia e Ação (Ecoa).
Ela é a única profissional atuando fora do bioma a receber o reconhecimento, que destaca ações de proteção, recuperação, divulgação, fiscalização e produção sustentável, além de ciência e defesa das comunidades pantaneiras.
À frente do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), Libonati é responsável pelo sistema Alarmes, que permite monitorar diariamente os incêndios no país com imagens de satélite e dados de focos de calor. Ele foi lançado em 2020 e, desde então, foi se aprimorando, ganhando cada vez mais espaço na tomada de decisão da gestão do fogo no Brasil. “Ele não só monitora a área queimada. Há outros produtos, como previsões meteorológicas de perigo de fogo. Temos a expectativa do que vai queimar no Pantanal até o final do ano, baseado em dados climáticos, em dados de fogo”, explica Libonati.
De acordo com a pesquisadora, o sistema é utilizado como o dado oficial não só para o planejamento das ações de combate, mas também para informações sobre prevenção pelo Ministério do Meio Ambiente, Ibama, ICMBio, Corpo de Bombeiros Militar, além de secretarias estaduais de meio ambiente, como a do Mato Grosso do Sul. “A plataforma já engloba o Pantanal, o Cerrado e toda a Amazônia, fazendo monitoramento e previsões diárias, com até sete dias de antecedência sobre o perigo de fogo.” O sistema Alarmes também serve como ferramenta para o Centro Integrado Multiagência de Coordenação Operacional Federal (Ciman Federal), órgão do governo brasileiro que monitora e articula ações de combate a incêndios florestais.
O projeto, criado pela professora da UFRJ, conta com a participação de pesquisadores, alunos de graduação e pós-graduação da instituição, além de pesquisadores associados de universidades públicas nacionais e internacionais. Ele foi concebido em conjunto com pesquisadores da Universidade de Lisboa e de outras instituições que, aos poucos, foram se integrando ao sistema.
Para Libonati, a pesquisa mostra como as universidades estão conectadas à realidade e aos problemas sociais do país. “Conseguimos fornecer subsídios para tomada de decisão e oferecer desenvolvimento e inovação para produtos que são necessários para essa problemática dos incêndios no Brasil. O avanço da tecnologia de inovação que a plataforma Alarmes trouxe mostra que a universidade federal pública vem sempre trabalhando em prol da melhoria da qualidade de vida e da qualidade ambiental do nosso país”, salienta.
O reconhecimento da Ecoa como uma das “Personagens do ano no Pantanal” foi dado a Renata Libonati, mas, para a pesquisadora, ele reflete a dedicação de toda uma equipe que atua diariamente no sistema Alarmes. “A gente vem sempre trabalhando com muita determinação, muito profissionalismo, muita ciência envolvida e, sobretudo, com o mesmo propósito, que é fornecer informações desenvolvidas com base científica”, afirma.
Atualmente o sistema Alarmes é mantido pelo Ministério do Meio Ambiente, pelo Ibama e pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), que fornecem subsídios financeiros para que ele possa ser mantido e expandido continuamente.
Fonte: Conexão UFRJ