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  • Aldir Blanc: O samba é seminal

    Agenda Bafafá em 17 de Agosto de 2020    Informar erro
    Aldir Blanc: O samba é seminal

    Carioca do Estácio, Aldir Blanc começou a compor ainda adolescente e teve destacada participação nos festivais universitários da década de 60. Chegou a se formar em Medicina, com especialização em Psiquiatria, mas a música já estava em sua vida.
     
    Ao lado do parceiro João Bosco, emplacou os primeiros sucessos interpretados com maestria por Elis Regina: "Bala com Bala","Mestre-Sala dos Mares","De Frente pro Crime" e "O Bêbado e a Equilibrista", que se tornou um hino contra a ditadura militar.
     
    Entre seus parceiros estiveram também Moacyr Luz e Guinga. Aldir é também escritor e cronista. Em 2006, publicou o livro "Rua dos Artistas e Transversais", que reúne seus livros de crônicas "Rua dos Artistas e Arredores" (1978) e "Porta de Tinturaria" (1981).
     
    Em entrevista exclusiva ao Bafafá, o compositor fala sobre sua formação musical e revela quais são suas fontes de inspiração: “O cotidiano, o banal, aquilo que está diante dos olhos das pessoas e elas não percebem”, revela.
     
    Como foi sua formação musical?
    Principalmente através dos discos da minha avó Noêmia, de quem morro de saudades, em Vila Isabel na década de 50 e depois também foi fundamental aí pelos 16 anos subir a quadra Calça Larga, no Alto do Salgueiro. Essas experiências, como uma vez em que vi Paulinho Pinheiro concorrendo com Lapinha, voltando exausto do curso de medicina, foram determinantes.
     

    Valeu ter trocado a Psiquiatria pela música?
    Claro que sim. Ninguém faz medicina impunemente, mas sou, desde garoto, compositor e percursionista. Minha primeira bateria eu mesmo fiz, de latas, uma barulhada infernal.

    Qual é a sua principal fonte de inspiração?
    O cotidiano, o banal, aquilo que está diante dos olhos das pessoas e elas não percebem.

    Dizem que o samba gira em torno do amor. Concorda?
    Ás vezes sim, outras não. Por exemplo, existe o Rio, os temas históricos, além de, sem cair no lugar comum, amor e ódio andarem muito juntos.

    Qual é a receita para evitar a repetição?
    A essa altura do campeonato, com 61 anos, não sei. Os ouvintes é que me julgarão.

    Confere que sua parceria com João Bosco foi montada por correspondência?
    Mais ou menos. João me viu no festival universitário do Amigo é Pra Essas Coisas, pediu a um amigo comum, Pedro Lourenço, que nos apresentasse, e, aí sim, o começo foi por troca de cartas e fitas via, claro, correio.

    Sua maior intérprete foi Elis Regina?
    Sem dúvida.

    Quem é o maior compositor vivo do país?
    Citar um só seria injusto. Além de meus parceiros, claro, tenho enorme admiração pela integridade do Edu Lobo.

    E já falecidos? Noel Rosa e Pixinguinha, fundamentalmente, do contrário daria para preencher páginas e páginas.

    O samba ainda pode gerar outros estilos musicais?
    O samba é seminal, portanto...

    A Bossa Nova esgotou? Por que não há renovação como no samba?
    Talvez porque a Bossa Nova tenha sido um movimento musical, mas muito de seu balanço e principalmente harmonia se incorporaram de vez à música brasileira.

    O que acha dos jovens estarem redescobrindo o samba?
    Não é bem uma redescoberta. Os jovens nunca deixaram o samba de lado. A mídia atual é que redescobriu jovens que sempre se interessaram por samba.

    Como está vendo a situação social no Rio de Janeiro?
    Caótica.

    Tem alguma utopia? Não. Como disse o José Saramago, não simpatizo muito com a palavra. Muitas vezes a utopia serve para adiar o que precisamos fazer aqui e agora.

    Entrevista concedida em outubro de 2008.



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