O ator, humorista, roteirista e escritor Gregório Byington Duvivier começou a carreira no teatro aos 17 anos com a peça de stand up
Z.É. Zenas Emprovisadas, que ficou 15 anos em cartaz. Formado em letras pela PUC Rio, escreveu livros de poesia, atuou em outras peças, séries e filmes e atualmente faz sucesso com os programas Porta dos Fundos e
Greg News, um noticiário humorístico que satiriza os acontecimentos políticos do país.
Nascido em 1986, Gregório Duvivier fala com exclusividade ao Bafafá. Ele conta que o teatro o salvou da depressão e que tudo começou no Tablado. “Foi lá que vi a delicia que era fazer rir”. Sobre seu engajamento político não titubeia: “O engajamento não é uma escolha. Não saberia ser de outra forma”, garante. Sobre a prisão de Lula, desabafa: “Independente de sua culpa no cartório, Lula merece um julgamento justo”.
Como foram a sua infância e juventude?
Melhor impossível. Muita praia, irmãos, livros, jogos de tabuleiro. Pais queridos e presentes. Alguma depressão na pré-adolescência. Mas o teatro me salvou.
“O teatro me salvou da depressão”
Quando descobriu a vocação para ser ator?
Descobri no Tablado. Foi lá que vi a delicia que era fazer rir. E aquilo supriu algum vácuo, alguma carência que acho que todo artista tem. Ou talvez seja só eu.
Você é uma pessoa polivalente. Como foi sua introdução ao teatro, TV e cinema?
Cada um no seu momento. Teatro foi no Tablado, e o resto por causa do teatro.
E o humor, como aconteceu?
No Z.É Zenas Emprovisadas, uma peça de improvisação que fizemos por 15 anos, com amigos do Tablado.
Sua formação em letras ajudou a ser roteirista também?
Sim, gostei muito de ter me formado em letras, especialmente o curso que fiz, Formaçao de Escritor, na PUC. Tem uma série de oficinas de criação literária, com professores escritores.
Por que ainda existe certa reserva para o cinema nacional?
Acredito que tenha a ver com um complexo de vira-lata. A mesma reserva se dá com tudo o que é nacional.
Quais são os projetos em execução e os futuros?
Greg News, a peça Sisifo que estreia em agosto no Teatro Prudential, Porta dos Fundos e seus esquetes semanais. Pro futuro, ficar cada vez mais com a minha filha.
“O engajamento não é uma escolha”
Ser um ator politicamente engajado prejudica?
Jamais. Não saberia ser de outra forma. O engajamento não é uma escolha, especialmente quando se é artista.
Como surgiu seu interesse pela política?
Basta abrir o olho pra se engajar no Brasil. Desde pequeno que me interesso pelas maneiras existentes de se mudar o estado das coisas.
Qual é o balanço dos seis primeiros meses de Bolsonaro?
Pior do que a encomenda. Muito focado em agradar Olavo e olavistas, e muito pouco preocupado com o resto da população.
“Lula merece um julgamento justo”
Dói ver o Lula preso?
Especialmente depois de vazados os conluios do procurador com o juiz. Independente de sua culpa no cartório, Lula merece um julgamento justo. Muito pouca gente tem.
Como avalia a gestão do prefeito Crivella?
Trágica. O Rio está entregue nas mãos de uma múmia. O abandono é visível.
Tem alguma utopia?
Tarifa zero pra transporte público. Direito à moradia. Imposto sobre dividendos. Trem bala Rio SP. Metrô pra Niterói.
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