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  • Hugo Carvana: “O cinema brasileiro está sempre renascendo”

    Agenda Bafafá em 10 de Maio de 2016    Informar erro
    Hugo Carvana: “O cinema brasileiro está sempre renascendo”

    Ator e diretor de cinema, Hugo Carvana de Hollanda nasceu em 1937 e atuou em nada menos do que em 93 filmes e 20 novelas, tendo dirigido sete filmes, entre eles o antológico Vai Trabalhar Vagabundo e Bar Esperança, O Último que Fecha. Torcedor do Fluminense e da Mangueira, Carvana tem quatro filhos e três netos sendo casado com a produtora Martha Alencar.

    Em entrevista exclusiva ao Bafafá On Line, Hugo Carvana fala sobre vários temas: carreira, política e obviamente cinema. “O cinema brasileiro está sempre renascendo, ele vive esse drama: morre, renasce”, assegura. Questionado sobre o a estética mais apurada do cinema paulista, não titubeia. “Isso é bobagem. O cinema que se faz em todo o País tem a mesma qualidade. No Rio de Janeiro a competitividade faz com que haja uma busca do trabalho mais bonito”, garante o diretor. 

    Como foi sua infância no Lins? Na verdade minha infância foi na Zona Norte porque eu nasci no Lins, mas cedo fui morar na Tijuca e no Rio Comprido. Era como qualquer criança: jogava bola na rua, pegava carona em bonde (risos). Os primeiros namoros aconteceram nessa época assim como as primeiras decepções amorosas. Foi lá também que pratiquei os primeiros esportes. Não foi nada diferente de qualquer criança brasileira de classe média.

    E a juventude? Também, no mesmo lugar. Tive as primeiras crises existenciais, de falta de definição, a descoberta do sexo. Tudo isso que é a característica de um adolescente daquela época. Hoje os jovens têm um nível de informação muito maior à disposição, a Internet... Eu ao contrário morava numa pequena aldeia no interior de outra pequena aldeia que era a cidade do Rio de Janeiro.

    Como foi chegar à Zona Sul? Eu já estava frequentando a Zona Sul e sempre voltava para a casa. Depois minha mãe resolveu se mudar para lá.

    Quando e como começou a sua carreira de ator? Começou de 18 para 19 anos quando fui com um amigo visitar um estúdio de TV. Me apaixonei no primeiro dia e não quis fazer outra coisa tendo começado fazendo figuração. Depois fui para o cinema onde estou até hoje, cinqüenta anos depois. Eu digo sempre que o cinema entrou na minha vida de repente.

    Qual foi o primeiro filme? O primeiro filme foi “Trabalhou bem, Genival”, dirigido por Lulu de Barros e produzido pelo Ronaldo Lupo.

    E a carreira de diretor? A carreira de diretor foi conseqüência de minha carreira como ator. Depois de tantos anos sendo ator de filmes acabei me envolvendo como diretor, a partir de 1973 com o filme “Vai trabalhar Vagabundo”.

    Você experimentou o teatro? Eu já fiz muito teatro no começo da carreira, mas já não subo aos palcos há mais de trinta anos. Me afeiçoei ao cinema de uma tal maneira que acabou não me sobrando tempo nem tesão para me envolver com teatro. Com isso, o teatro foi se afastando de mim e eu dele.

    E o sucesso veio a partir de quando? Fui crescendo dentro do cenário. De figurante virei ator, estudei teatro. O sucesso foi chegando. Como fazia mais cinema era mais conhecido por um público restrito. As pessoas me conheciam dos filmes que eu fazia. Quando fui para a TV aí sim que ganhei projeção. Era no seriado “Plantão de Polícia”, levado ao ar semanalmente pela TV Globo. Era uma obra fechada (diferente de novelas). Acho que este seriado é que alavancou o meu sucesso.

    O que está achando do nível cultural da TV? Acho muito bom. Ela atingiu um nível de profissionalização, aliado à tecnologia. Evidentemente que uma emissora ou outra pode ter um nível de programação menor, menos apurado e mais preocupado com o resultado fácil.

    E o cinema nacional? Renasceu de fato? O cinema brasileiro está sempre renascendo, ele vive esse drama: morre, renasce. Atualmente está numa fase de renascimento depois da tragédia do governo Collor. Hoje ele está reconquistando o mercado, aumentando o público. São passos importantes que a gente está conseguindo dar agora.

    Quem hoje tem o predomínio do cinema no Brasil? Os paulistas ou os cariocas? O cinema brasileiro enfrenta as mesmas dificuldades no Rio, São Paulo, Ceará, Rio Grande do Sul. Enfrentamos a concorrência internacional que é muito forte. Parece que hoje o Rio de Janeiro produz mais filmes do que São Paulo. Ainda assim, não somos melhores do que eles. Talvez seja pela vocação de pólo produtor de audiovisual, a presença da maior rede de TV do País, a concentração de atores, produtores e escritores no Rio de Janeiro. Isso tudo deve ser a razão desta “primazia” de número.

    Os paulistas se gabam de terem mais estética, mais fotografia. Concorda? Isso é bobagem. O cinema que se faz em todo o País tem a mesma qualidade. No Rio de Janeiro a competitividade faz com que haja uma busca do trabalho mais bonito.

    Mudando completamente de assunto: o que achou do mensalão? Não é de estranhar isso acontecer no Brasil, sempre aconteceu. O Brasil é um país corrupto desde a época de Portugal. É um vício, uma doença nacional. Não me espantei com o mensalão. Isso pode ter acontecido pelo fato de o PT estar envolvido nisso. Também nunca acreditei que o PT fosse um partido limpo. Eu votei mais no Lula do que no PT.  Nunca fui filiado ao PT. Eu votei mais pela importância do Brasil ser conduzido por um operário, um homem simples depois de tantos anos governados pelas elites. Eu achava que o Brasil deveria passar por essa experiência de ter um homem do povo sendo Presidente da República. E continuo achando, tanto que vou votar nele outra vez.

    Qual nota você daria ao governo Lula? Eu daria nota oito. Setembro 2006



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