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  • Lô Borges: O Clube da Esquina abriu a porta para a música mineira

    Agenda Bafafá em 27 de Maio de 2016    Informar erro
    Lô Borges: O Clube da Esquina abriu a porta para a música mineira

    O cantor e compositor mineiro Lô Borges começou a carreira com apenas 19 anos de idade com o disco Clube da Esquina, em parceria com Milton Nascimento. Lançado com grande sucesso em 1972, foi recentemente apontado como um dos 1001 álbuns que você deve ouvir antes de morrer, do crítico inglês Robert Dimery. Com 35 anos de carreira, Lô Borges já gravou 12 discos e é apontado como uma das referências musicais de Minas Gerais. Aos 55 anos, divorciado, torcedor do Cruzeiro, pai de Luca de nove anos, Lô falou com exclusividade ao Bafafá On Line. “Acho que o Clube da Esquina é uma música sólida que está passando de pai para filho. Nós não esperávamos que tivesse essa durabilidade”, garante o artista.  Questionado se esse movimento musical está para Minas como a Bossa Nova está para o Rio de Janeiro, não titubeia. “Acho que pode ser. A Bossa Nova é importante não só para os cariocas como para o todo o Brasil. O Clube da Esquina continua importante para a música mineira. Posso ver isso nos shows que faço pelo País com público composto por jovens de 16 anos, a mesma idade de quando compus as músicas (riso)”.  

    Como começou o Clube da Esquina?
    Começou em 1970, na esquina da casa da minha mãe onde eu ficava tocando violão com meus amigos que nem eram músicos (risos). Era entre ruas Divinópolis e Parisópolis em Santa Teresa, Belo Horizonte. Um dia o Milton Nascimento apareceu na esquina me procurando enquanto eu esboçava uma canção. O convidei para me ajudar e acabamos gerando a música e posteriormente o disco Clube da Esquina, com letras de meu irmão Márcio. A partir desse encontro com o Milton surgiu toda a história do Clube da Esquina, que acabou gerando um segundo álbum com vários convidados: Beto Guedes, Flávio Venturini, Toninho Horta, entre outros. 

    Você já era amigo do Milton, o Bituca?
    Eu conheci o Bituca aos 10 anos de idade quando estava morando no Centro de Belo Horizonte. Como eu era meio manezinho, me ajudava a atravessar a rua (riso). Nossa amizade vem dessa época. 

    Você acha que esse movimento musical está para Minas como a Bossa Nova está para o Rio de Janeiro?
    Acho que pode ser. A Bossa Nova é importante não só para os cariocas como para o todo o Brasil. O Clube da Esquina continua importante para a música mineira. Posso ver isso nos shows que faço pelo País com público composto por jovens de 16 anos, a mesma idade de quando compus as músicas (riso). Acho que o Clube da Esquina é uma música sólida que está passando de pai para filho. Nós não esperávamos que tivesse essa durabilidade. Muito menos ser citado 35 anos depois por Robert Dimery entre “os 1001 álbuns que você deve ouvir antes de morrer”. 

    O que houve com o movimento?
    Na verdade, diferentemente da tropicália, nunca pretendeu ser um movimento. Era simplesmente um disco e uma reunião de pessoas. A nossa intenção era fazer músicas e não um movimento. Não teve ação. Foi um encontro de pessoas talentosas. 

    Como está vendo a produção musical atual em Minas?
    Minas é um lugar onde as pessoas sabem e gostam de fazer música. Não vou citar artistas individualmente para não deixar ninguém de fora (risos). O forte hoje são as bandas. Vamos dizer que o Clube da Esquina abriu a porta para a música mineira e a geração das bandas meteu o pé na porta (riso). 

    Por que você toca pouco no Rio de Janeiro?
    No Rio de Janeiro eu sou bissexto. Vou pouquíssimo, pois tem poucos espaços para tocar. No Rio é oito ou oitenta. Ou toca no Canecão ou no Rival. Não tem lugares intermediários. Noventa por cento do meu trabalho é feito em São Paulo. 

    Quais as músicas que mais gosta da sua carreira?
    Isso é difícil porque as músicas são como filhos (riso). Hoje estou gostando muito de Girassol em parceria com Márcio Borges. 

    Você acha que o Brasil ainda inventa outros estilos musicais ou vai ficar só com o que produziu até agora?
    O Brasil é ebulição total, criativo o tempo todo. A criação é diversificada, tem gente fazendo música bacana em estilos e lugares diferentes. O problema é a tal da mídia. Ela abre espaço só para quem pode vender muitos discos. A indústria fonográfica virou mais indústria do que fonográfica. As coisas são mais difíceis nesse aspecto. Acho um absurdo um artista ter que pagar para sua música ser tocada no rádio. Só pode ter interesses por trás, pois até onde eu sei pagar uma rádio não é uma coisa barata. 

    Você gosta de funk?
    Gosto de funk. Cantaria uma música deste estilo sem problemas. Sou um cara que pode transitar nos diversos estilos, já que a música é uma coisa só. 

    Está gostando do governo Lula?
    Eu acho que o Lula é um cara esforçado, que tem batalhado para fazer o melhor. Mas, nem sempre consegue (riso).

    Outubro de 2008 Entrevista concedida a Ricardo Rabelo



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