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  • Armazém da Utopia reformado: novos espaços e programação intensa na Zona Portuária

    Da Redação em 24 de Junho de 2024    Informar erro
    Armazém da Utopia reformado: novos espaços e programação intensa na Zona Portuária

    Foto: Divulgação


    Reabre parcialmente na sexta feira (29/06), o Armazém da Utopia da Companhia Ensaio Aberto. O antigo galpão do porto foi restaurado, ganhou novos espaços cênicos, teatro found space com arquibancada retrátil, travessa aberta para o cais, restaurante à beira-mar e uma programação intensa – e gratuita – para o primeiro ano, a partir de agosto.
     
    Marco fundador da cidade que recebeu o maior número de pessoas escravizadas do mundo, a Zona Portuária tinha um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano do Rio de Janeiro em 2010. Foi naquele ano e cenário que a Companhia Ensaio Aberto, já consolidada na cena nacional com seu teatro épico, acreditou em um sonho: transformar em sua casa-sede o então degradado Armazém 6 e seu galpão anexo, na Avenida Rodrigues Alves, uma via para a qual a cidade havia virado as costas.
     
    No dia 29 de junho de 2024 – 14 anos, 15 espetáculos, e um Elevado da Perimetral implodido depois –, o agora consagrado Armazém da Utopia, tombado imaterialmente pelo estado e município do Rio de Janeiro, palco das criações da Ensaio Aberto e de grandes eventos culturais do Rio, torna-se um equipamento único no país, hoje com boulevard para pedestres em sua entrada, uma estação de VLT que leva seu nome na porta e uma vizinhança reurbanizada.
     
    A partir deste momento, o Armazém da Utopia poderá se consolidar como um porto aberto para receber coletivos irmãos do Brasil, América Latina, África e de todos os lugares do mundo, e se tornar, dessa forma, uma nova casa para todos esses coletivos, um centro de produção criativa com laboratórios artísticos e técnicos, desenvolvimento da nossa tecnologia social de formação de público e democratização de acesso, mantendo a vocação de porto, lugar de abrigo – lugar onde outros coletivos possam “fundear ou amarrar e estabelecer contatos e comunicação, lugar de descanso e de refúgio, de chegada e de partida, unindo porto e cidade”, explica o diretor e fundador da companhia, Luiz Fernando Lobo.
     
    Sem interromper as atividades artísticas e de formação técnica da companhia, fundada em 1992 e responsável pela gestão do espaço desde sua mudança para o local em 2010, o armazém foi inteiramente restaurado durante um ano.
     
    O investimento de R$ 36 milhões veio do apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financiou R$ 12 milhões, da Shell e do Instituto Vale – R$ 10 milhões de cada um. Complementam o montante as empresas MRS Logística, Multiterminais e Universidade Estácio de Sá/Instituto Yducs. “Toda a obra foi viabilizada com recursos da Lei de Incentivo Federal – Lei Rouanet”, diz Tuca Moraes, diretora-executiva, atriz, produtora e fundadora da Companhia Ensaio Aberto.
     
    “Parecíamos ciganos dentro do Armazém. Era importante mantê-lo aberto durante as obras. Estreamos um espetáculo, uma exposição e continuamos com nossas oficinas e estudo do Teatro dos Trabalhadores”, conta Luiz Fernando Lobo. “Estamos entregando o equipamento modernizado, mas isso faz parte de uma expansão. Ele foi inaugurado em 1910, quando a cidade negra era posta abaixo em um projeto eurocentrista de branqueamento do Distrito Federal. Paradoxalmente, o restauro assume um caráter oposto nesse momento, pois o Armazém da Utopia restaurado é memória de luta dos escravizados e da cidade do Rio de Janeiro.”
     
    Reinauguração em duas etapas: junho e agosto
    A reinauguração será feita em dois momentos: em junho fica pronto o armazém 6, de 3.300 m². A estrutura do galpão histórico, de tipo inglês, foi restaurada respeitando o projeto original, algo raro entre os 18 armazéns construídos no Cais da Gamboa, e mantendo a arquitetura singular com grande vão central no interior, característico do passado portuário.
     
    A grandiosidade do espaço comporta uma diversidade de eventos culturais e sociais, a exemplo dos já realizados, MURS do La Fura Del Baus, Festival de Cinema do Rio, Festival Panorama de Dança, Back to Black, Festival Multiplicidade e lançamento de álbuns como “Ladrão”, do rapper Djonga, instalações como a NBA House e festas diversas, além de projetos mais arrojados da companhia, como os espetáculos Missa dos Quilombos, Dez Dias que Abalaram o Mundo e O Dragão.
     
    Todas as pontes rolantes, marquises, portões e telhado foram recuperados, e as telhas substituídas. O projeto de luz preservou a iluminação zenital natural e original. Paredes internas e externas passaram por restauro e pintura. Os gradis foram substituídos, toda a estrutura metálica renovada e calhas reconstruídas. Não houve um tijolo sequer, dos milhares que compõem a fachada, que não tenha sido tratado. Tudo isso será reaberto ao público no dia 29 de junho, com a presença do Prefeito Eduardo Paes, da Ministra da Cultura, Margareth Menezes, de autoridades, parlamentares e grande público, muitos que formaram junto com a Ensaio Aberto um enorme exército defensor desse espaço.
     
    Dois meses depois, em agosto, a reinauguração do espaço se completa com a conclusão da obra no galpão anexo, de 1.750 m2, onde ficará o Teatro Vianinha (em homenagem ao dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho), um dos palcos dos espetáculos da Ensaio Aberto e de companhias visitantes. Será um teatro multiuso, tipo found space, para 300 pessoas na menor configuração e 500 na maior. Com o fim da obra, a área construída do armazém e do seu galpão anexo aumenta quase 50%, passando de 5.050 m² para 7.417 m².
     
    Teatro found space: um novo formato a cada espetáculo
    O teatro terá um sistema retrátil de arquibancada, importado de Londres. Dependendo da configuração do palco – italiano ou em formato de arena, por exemplo –, a arquibancada pode se transformar em menos de cinco minutos. “Podemos fazer uma plateia italiana, uma arena de dois, três ou quatro lados, um palco-sanduíche, um palco elizabetano… São diversas possibilidades, o que para o nosso trabalho é essencial, porque a gente sempre brincou muito com isso, e o público nunca sabe o que esperar do nosso próximo espetáculo”, explica Lobo.
     
    Além do Vianinha, haverá muitos espaços no anexo do armazém, no segundo e terceiro andares, que antes da obra não existiam.
     
    Entre eles, a Sala Sérgio Britto, com 220 m² – um espaço multiuso para novos espetáculos e performances teatrais –, a sala de ensaio João da Neves com 109 m², a sala de estudo Leandro Konder, laboratórios de corpo, de figurino, de objetos de cena, de iluminação e de cenografia, salas de produção, de acervo técnico e artístico, três camarins – o maior deles para 45 pessoas –, o espaço de convivência Aderbal, em memória do companheiro e diretor Aderbal Freire Filho, para elenco e técnicos, a copa-cozinha Adélia Lázari, sete apartamentos para artistas e técnicos visitantes, almoxarifado, lavanderia, sanitários e vestiários para os cerca de 70 trabalhadores do armazém – hoje são 45, mas o número vai subir.
     
    Em uma área reservada para a gestão do espaço, também no anexo, serão inaugurados escritórios para direção artística, direção executiva e produção, operacional e administrativo (financeiro e captação) – todos com espaços adicionais de reunião e para assistentes. Haverá ainda duas salas para as companhias visitantes trabalharem. Todo o espaço terá acessibilidade arquitetônica para pessoas com mobilidade reduzida.


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