O Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, assumiu o controle do Metrô do Rio de Janeiro, que até agora pertencia à Invepar, a holding de infraestrutura e transportes controlada pelos fundos de pensão Previ, Funcef e Petros. As informações são do Valor.
Na operação, avaliada em R$ 1,8 bilhão, houve troca de parte da dívida da Invepar com o Mubadala e com os fundos de pensão por ações do Metrô Rio e do Metrô Barra, concessionárias que operam o sistema metroviário carioca. O controle das duas empresas passa agora para a Hmobi, holding de investimentos em mobilidade urbana, na qual o fundo soberano detém 51,5% e os três fundos de pensão, 48,5%.
A troca de controle, que começou a ser negociada em 2016, resolve o problema de estrutura de capital da Invepar. A empresa tinha dívida cara referente à emissão de debêntures que foram subscritas pelos fundos e por Mubadala.
O total dessa dívida alcança R$ 2,6 bilhões, dos quais R$ 1,8 bilhão foi envolvido na operação com o Metrô. Depois da transação, a dívida da Invepar com os acionistas da empresa e com Mubadala será de R$ 800 milhões. Invepar tem em carteira outros ativos, como as concessões do Aeroporto de Guarulhos e da BR-040.
O plano, segundo o Valor, é fazer da Hmobi uma plataforma para investimentos em mobilidade urbana e abre-se a possibilidade de a empresa vir a abrir o capital em Bolsa. A holding vai focar em ativos que tenham complementariedade e a próxima concessão a ser incorporada à carteira pode ser a Linha Amarela S.A. (Lamsa), rodovia urbana, no Rio, também pertencente à Invepar.
Caso Invepar e Prefeitura do Rio cheguem a um acordo sobre a concessão em disputa judicial que se arrasta há dois anos, o controle da Lamsa poderá migrar para a Hmobi em outra operação de troca de ações por dívida como a negociada no Metrô Rio.
A mudança no controle do Metrô recebeu a anuência do governo do Estado. Metrô Rio e Metrô Barra eram subsidiárias da Invepar e passam a ser subsidiárias da Hmobi. O sistema metroviário carioca se estende por 54 quilômetros e conta com três linhas e 41 estações.
São duas concessões: uma para as linhas 1 e 2, válida até 2038, e outra para a linha 4, que vai até 2036. A linha 4 liga a zona Sul do Rio à Barra da Tijuca, na zona Oeste.
Os investimentos do fundo Mubadala no Brasil alcançam US$ 4 bilhões desde 2012. O fundo fez aporte de US$ 2 bilhões na antiga holding de Eike Batista, o que levou os árabes a assumirem o Porto Sudeste (RJ) e ativos de mineração em Minas Gerais. Em 2019, Mubadala adquiriu participação na concessionária Rota das Bandeiras (SP) e este ano comprou a refinaria Landulpho Alves (Rlam), da Petrobras, por US$ 1,65 bilhão.