Nos próximos cinco anos, a Polícia Civil do Rio de Janeiro contará com o apoio do Laboratório de Síntese e Análise de Produtos Estratégicos (Lasape), do Instituto de Química da UFRJ, para fortalecer as investigações periciais relacionadas a crimes contra a vida.
Atualmente, o Lasape, coordenado pelos professores Cláudio Cerqueira Lopes e Rosangela Sabbatini Capella Lopes, já auxilia a polícia nas investigações de homicídios com um produto inovador, o Luminol-UFRJ.
Desenvolvido a partir da tese de doutorado da professora Letícia Chantre, esse produto é capaz de detectar manchas de sangue oculto, invisíveis a olho nu.
Uma das aplicações do Luminol-UFRJ se dá em casos de explosões acidentais ou criminosas, onde é possível registrar a reação do produto com sangue oculto queimado, facilitando a identificação de vítimas carbonizadas por meio de exames de DNA. O Luminol-UFRJ é protegido por uma patente concedida pelo INPI em 2021.
Além do Luminol-UFRJ, o Lasape-IQ-UFRJ disponibilizará à Polícia Civil kits para a detecção de diversas drogas, incluindo cocaína, cannabis (tanto ilícitas quanto medicinais), ecstasy, morfina, heroína, opioides sintéticos e metanfetamina, além de sêmen em casos de crimes de estupro.
Os recursos para apoiar este termo de cooperação foram garantidos em uma reunião com o Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, deputado Anderson Moraes, através da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação. O termo de cooperação técnica foi publicado no Diário Oficial do Estado em 10 de outubro.
A grande vantagem do kit de Luminol, desenvolvido com apoio da FAPERJ, é o seu custo: dez vezes menor que o similar importado.
Largamente utilizado por diversas agências de investigação criminal em todo o mundo, entre elas o FBI nos Estados Unidos, o Luminol formulado no LASAPE é um reagente que produz uma reação de quimioluminescencia sem necessitar a utilização da luz ultravioleta para caracterizar as manchas de sangue em locais sob suspeita de crime contra a vida humana.
A sensibilidade química da substância é fantástica: ela consegue identificar manchas de sangue até a proporção de 1 em 1.000.000.000, mesmo em locais extremamente lisos, como azulejos, pisos cerâmicos e madeira, que inclusive já tenham sido lavados.
A eficácia do produto é tão grande que é possível detectar o sangue mesmo que já tenham se passado seis anos após a ocorrência do crime.
Em uma nova etapa, o grupo de pesquisa do Lasape pretende aplicar o kit Luminol-UFRJ no combate à contaminação hospitalar, um grave problema de saúde pública que ceifa anualmente a vida de 100 mil brasileiros. Essa iniciativa será realizada em parceria com a Belcher Pharmaceuticals e está sendo submetida à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com o objetivo de integrar o kit Luminol-UFRJ nos processos de higienização de sangue oculto em unidades de saúde.
Fonte: UFRJ