Após anos de incertezas e promessas não cumpridas, o Moinho Fluminense — uma das joias esquecidas da Região Portuária do Rio — parece finalmente ter um novo rumo.
A Autonomy Investimentos, que comprou o imóvel em 2019, ganhou uma nova chance da Prefeitura do Rio de Janeiro para tirar do papel o projeto de revitalização do espaço histórico.
O anúncio do novo empreendimento, batizado de Mata Maravilha, marcou a reviravolta: em vez de desapropriar o terreno, como havia sido anunciado pelo prefeito Eduardo Paes no ano passado, o município decidiu apoiar a proposta da Autonomy em parceria com o empresário Alex Allard.
O destaque do projeto são duas torres residenciais gigantes, inteiramente cobertas por vegetação nativa da Mata Atlântica, às margens da Baía de Guanabara. Com cerca de 70 andares, os edifícios devem ultrapassar os 200 metros de altura, o que os tornaria os maiores da cidade do Rio de Janeiro, superando em três vezes o tamanho do vizinho Aqua Corporate, com seus 22 andares e 90 metros de altura.
Mas o projeto vai além dos limites do antigo moinho. As intervenções urbanísticas previstas se estendem por áreas hoje sob gestão da PortosRio (antiga Companhia Docas), incluindo trechos à beira da Baía de Guanabara, com o objetivo de transformar a região em um grande eixo de tecnologia e inovação verde.
A retomada do projeto se deu após um Chamamento Público promovido pela Prefeitura, que escolheu o consórcio AI Moinho Empreendimentos, liderado por Alex Allard e a gestora Autonomy Capital — que atua com fundos internacionais, sobretudo de pensões canadenses. A vitória no processo garantiu à empresa a continuidade do projeto e, na última sexta-feira (4), Eduardo Paes revogou a declaração de utilidade pública do Moinho, devolvendo oficialmente o imóvel à Autonomy.
A proposta do Mata Maravilha aposta em um modelo de cidade mais sustentável, com compromisso declarado com a história e as comunidades locais. Segundo a Prefeitura, o plano inclui a criação de comitês de apoio comunitário, para que o processo de revitalização leve em conta os aspectos sociais, econômicos e históricos da região portuária e respeite o patrimônio cultural.
Um Porto Maravilha verde, digital e conectado
A ideia é transformar o Porto em uma zona urbana inovadora, com foco em sustentabilidade e tecnologia. O projeto prevê a construção de um campus digital verde, com escritórios, espaços de coworking, centros de inovação, auditórios e salas para convenções, todos integrados por 7 km de trilhas em areia dentro de uma floresta urbana com mais de 10 hectares e 40 mil árvores e arbustos.
Inspirados pela bem-sucedida Cidade Matarazzo, em São Paulo — que também foi liderada por Alex Allard — os empreendedores querem repetir a fórmula de sucesso agora no Rio. Para isso, contam com o prestigiado escritório Safdie Architects, responsável por obras icônicas como o aeroporto Jewel Changi, em Singapura, além da sede do grupo que hoje administra o Aeroporto Internacional do Galeão.
Com essa reviravolta, o Moinho Fluminense sai do abandono e volta a ocupar um papel estratégico na reconfiguração da Região Portuária do Rio de Janeiro — um símbolo do passado que agora se projeta para o futuro.
Fonte: Diário do Porto