O risco de contágio da COVID-19 é preocupante e apresenta tendência de aumento, o que inviabiliza o retorno normal às atividades presenciais em toda a UFRJ. Esta é a análise dos pesquisadores da UFRJ que integram o Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da COVID-19, que emitiram nota técnica na última quinta-feira, 12/8.
Apresentando dados, os cientistas avaliam que o cenário é de alerta.
“Existe a tendência de que nas próximas semanas a variante Delta provoque a aceleração do número de casos de COVID-19 na cidade e no estado do Rio de Janeiro. A volta de grande número de alunos à Universidade, aumentando a mobilidade e a concentração de indivíduos neste período de disseminação dessa variante em nosso estado, seria, a nosso ver, de grande risco para a população, pois propiciaria o surgimento de novas variantes”, afirma o GT, coordenado pelo professor Roberto Medronho.
Para os pesquisadores, a cobertura vacinal no Brasil e no estado do Rio, apesar de estar avançando, “ainda é muito baixa”, especialmente sobre o grupo etário mais jovem, que constitui grande porcentagem dos alunos da UFRJ. “Estima-se que a cobertura vacinal acima de 70% dos indivíduos com esquema vacinal completo seria uma faixa segura para o início das medidas de flexibilização, desde que não haja a introdução de nova variante associada a escape imunológico das vacinas em uso.
Certamente, a vacinação dos adultos jovens, faixa etária da grande maioria de nosso corpo discente, contribuirá positivamente para o retorno às atividades presenciais na UFRJ. Entretanto, há que se considerar os indicadores epidemiológicos, a testagem dos casos suspeitos, o rastreamento dos contatos e o isolamento dos que resultarem “positivo” para o SARS-CoV-2”, frisam.
“Com relação ao retorno das atividades didáticas presenciais, a UFRJ segue com o compromisso de não apenas proteger sua comunidade, como também evitar contribuir com o aumento de casos em nosso estado.
Em 15 de julho de 2021, foram publicadas na UFRJ as orientações para o retorno às aulas presenciais essenciais com a justificativa de que ainda não seja o momento propício para o retorno presencial integral. Nesse documento, o GT-Coronavírus apresentou os parâmetros para o retorno seguro de atividades presenciais balizados por indicadores epidemiológicos, a saber: taxa de reprodutibilidade (Rt) e o número de casos notificados por 100.000 habitantes, expressos no Covidímetro, além da percentagem de testagem positiva no Centro de Testagem e Diagnóstico (CTD/UFRJ)”, dizem os pesquisadores.
Na UFRJ, há atividades didáticas práticas que já retornaram na modalidade presencial. O GT destaca que a vigilância em saúde deve acompanhar de perto esse retorno. “Qualquer foco de infecção em determinado grupo precisa ser rapidamente identificado e contido. Isso apenas pode ser realizado com a testagem por RT-PCR ou por teste de antígeno.
A UFRJ tem promovido a testagem de casos suspeitos com rastreamento dos contatos e a indicação de isolamento dos casos positivos. A experiência internacional nos mostra que a capacidade de conter focos de transmissão está diretamente relacionada ao número de indivíduos testados, mesmo (ou principalmente) os portadores assintomáticos”, salienta o texto.
Os pesquisadores finalizam o texto chamando a atenção, “em especial dos tomadores de decisão, para a delicada situação pandêmica atual” no estado do Rio de Janeiro.
“Reiteramos que as medidas devem levar em conta esse cenário preocupante. Somente a ampliação da cobertura vacinal completa, a testagem em massa e a extrema cautela ao se adotarem possíveis medidas de flexibilização podem conter a pandemia”, concluem.
Fonte: UFRJ