Athaydeville (originalmente denominado Centro da Barra) foi um projeto de construção de residências, lojas e escritórios na Barra da Tijuca, lançado em 1969, que resultou em um dos maiores escândalos imobiliários do Brasil.
Depois de grandes atrasos nas obras, reduções drásticas nas dimensões do projeto e pendências judiciais, ergueram-se três torres residenciais; uma delas, apesar de vendida a centenas de adquirentes, ainda aguarda ocupação.
No fim da década de 1960, na sequência do lançamento do Plano Piloto da Barra da Tijuca, a Desenvolvimento Engenharia (empresa de Múcio Athayde) lançou o Centro da Barra, com projeto urbanístico de Lúcio Costa, na região então pouco explorada.
Segundo o projeto oferecido pela Desenvolvimento, seriam construídas 76 torres residenciais cilíndricas de 36 andares, projetadas por Oscar Niemeyer, combinadas com áreas de comércio, lazer e serviços. O cronograma original previa a inauguração das primeiras unidades em 1974, e todas as obras estariam concluídas em 1980.
No entanto, desde o começo várias falhas comprometeram o Centro da Barra. Sem conseguir apoio do governo da Guanabara para o cumprimento dos gabaritos do Plano Piloto, Lúcio Costa se desligou do projeto, e o tamanho reduzido dos apartamentos em forma de "fatia de pizza" desagradou muitos interessados.
As obras da Torre H, iniciadas em 1970, foram paralisadas em 1972 por preocupações com a integridade da estrutura, sendo reiniciadas mais tarde.
Diante dos atrasos nas obras, os mutuários devolviam suas cotas à Desenvolvimento por preço abaixo do mercado; essas cotas eram revendidas a outros mutuários, sem que essas transações fossem registradas em cartório. Essa manobra, exacerbada pela elevada inflação do período, teria gerado grandes lucros à Desenvolvimento.
Por sua vez, Múcio Athayde publicava matérias pagas em jornais para declarar-se vítima de um bloqueio econômico do governo, que lhe dificultava o acesso a financiamentos do BNH em condições favoráveis.
Renomeado Athaydeville no fim da década de 1970, o empreendimento foi reformulado e reduzido para quatro torres, mas continuou a controvérsia em torno da viabilidade do projeto. Em 1984, uma comissão especial de inquérito da Câmara Municipal do Rio de Janeiro chegou a recomendar à prefeitura que não renovasse licenças para construção de novas torres no Athaydeville diante de irregularidades no pagamento de impostos.
Das quatro torres, três foram completadas e duas entregues:
Torre Abraham Lincoln (Torre H) (Avenida das Américas, 1245). Construção inciada em 1970, paralisada em 1984, sem conclusão e sem habite-se;
Torre Ernest Hemingway (Avenida Sernambetiba, 3400). Construção entre 1973 e 1977, não concluída pela Desenvolvimento; transferida à Encol, que a inaugurou em 1994;
Torre Charles de Gaulle (Torre A) (Avenida das Américas, 1245), construída entre 1974 e 1990 e entregue pela Desenvolvimento aos adquirentes.
Com 36 andares e 120 metros de altura, os três edifícios são até hoje as estruturas mais altas da Barra da Tijuca.
Apesar dos problemas, o empreendimento continuou sendo oferecido em constantes campanhas publicitárias até a década de 1990.
Restou desocupado o esqueleto da Torre H, que teve 250 de seus 454 apartamentos vendidos. Por cerca de um mês, em 2004, o edifício vazio chegou a ser ocupado por habitantes de uma favela próxima.
A crise da invasão acelerou o processo de falência da Desenvolvimento Engenharia, decretada em 2005. 190 apartamentos da Torre H foram levados a leilão em 2007, e a Associação de Adquirentes da Torre H decidiu completar as obras com recursos próprios. As obras seguem indefinidas e, caso não seja reformado e ocupado regularmente, o edifício corre o risco de ser implodido.
Fonte: Wikipédia