O Rio de Janeiro foi literalmente construído sobre mangues, lagoas e rios. Pouca gente sabe que foram canalizados pelo menos 22 rios para chegar ao formato atual de nossa cidade. Eles muitas vezes fluem sob os nossos pés sem que tenhamos conhecimento.
Entre eles está o Rio Berquó que nasce com água límpida, na Rua Viúva Lacerda, no Humaitá e desaparece no asfalto e no cimento rumo ao Cemitério São João Batista, em Botafogo, onde literalmente passa sob as tumbas.
O nome do rio é oriundo da Chácara Berquó que existia no século XIX no lugar onde é hoje o cemitério. Apenas os funcionários conhecem os acessos, literalmente entre as sepulturas.
Depois de passar sob o cemitério São João Batista, ele segue solitário e escondido até a Praia de Botafogo, repleto de esgoto e lixo que é despejado na enseada.
Mesmo tendo sendo construída uma estação para tratar as suas águas, ao lado do Mourisco, a estrutura está abandonada e malconservada.
A situação como sempre envolve a incompetência administrativa para resolver a questão. A Cedae, responsável pelos efluentes da região, diz que a responsabilidade pela estação e pelo esgoto despejado no rio é da Rio Águas, da prefeitura. Que, por sua vez, diz que o problema é da Cedae, do estado.
Assim, o Rio Berquó segue a sua sina de ter sucumbido ao progresso descontrolado e de ser mais um rio morto em plena cidade.