A aldeia de São Lourenço foi fundada em 1568 por índios temiminós vindos do Espírito Santo, onde tinham se estabelecido devido a conflitos com tamoios.
Retornaram ao Rio de Janeiro para lutar ao lado dos portugueses contra franceses e tamoios e em decorrência dessa atuação, Araribóia, líder dos temiminós, recebeu terras para constituir seu aldeamento na capitania.
Araribóia escolheu terras que eram de Antônio Marins e sua mulher, Isabel Velha, que lhes passaram escritura pública de renúncia em 1568.
No mesmo ano, recebeu carta de sesmaria de Mem de Sá, estabelecendo oficialmente a aldeia. Inicialmente localizada em terras dos jesuítas por questões de defesa, a aldeia mudou-se em 1573, para a banda defronte da cidade.
Embora as terras de São Lourenço tenham sido concedidas a Araribóia, documentos posteriores relativos aos conflitos pelas terras não deixam dúvidas sobre o caráter coletivo do patrimônio.
A administração espiritual e temporal da aldeia ficou sob os cuidados de missionários da Companhia de Jesus e em 1758, São Lourenço tornou-se freguesia, sendo-lhe nomeado um pároco.
Durante o século XIX, sob a justificativa de que os índios não eram mais puros e que a maioria teria desaparecido da aldeia, foi intensificado o processo de extinção do aldeamento.
Essa constatação, feita pela Câmara Municipal de Niterói em 1861, tinha o objetivo de incorporar as terras da sesmaria da aldeia aos bens municipais, já que eram as melhores do município.
Quatro anos depois, foi dada autorização para que o presidente da província extinguisse o aldeamento, sendo autorizada a distribuição de lotes para que os descendentes dos índios tivessem acesso individualizado a reduzidas partes das terras.
Em 1866 a aldeia de São Lourenço foi efetivamente extinta. Mesmo tendo sido declarado oficialmente o desaparecimento da aldeia e de seus índios, estes reivindicaram direitos um ano depois, embora não tenham obtido sucesso.
O único resquício da aldeia é a igreja São Lourenço dos Índios, localizada no Morro de São Lourenço. O que inicialmente era uma capela em taipa foi substituída por outra em 1586, inaugurada com a representação do Auto de São Lourenço.
Um novo templo foi construído pelos jesuítas, de pedra e cal, antes de 1627. Em 1729, a capela foi reconstruída com a arquitetura que mantém hoje, conservando os traços do estilo jesuíta. A torre do sino é de 1769.
Fonte: Pensa Rio UFF