A partir dos anos 40, em plena Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos introduziram uma forte política de "boa vizinhança" com a América do Sul. O primeiro passo para isso foi a visita do desenhista Walt Disney, em duas ocasiões, em 1941 e no ano seguinte.
Disney hospedou-se no Copacabana Palace com a mulher e uma equipe de 16 pessoas. Tudo para criar um personagem tipicamente brasileiro partindo de uma ideia original do caricaturista J.Carlos. Assim nascia Zé Carioca, um papagaio cheio de ginga e simpatia.
O resultado da viagem de Disney ao Rio pode ser conferido no filme “Alô, amigos”. No longa, Zé Carioca é um papagaio bonachão que coloca o Pato Donald em diversas situações embaraçosas.
Na viagem, Disney conheceu Carmem Miranda e Vitor Civita que publicou suas revistas no Brasil. Frequentou ainda a praia, curtiu a noite e dizem que até experimentou a feijoada e "comeu franguinho com as mãos".
A alegria do empreendedor era tanta, que foi registrada uma imagem em que Disney estava deitado na areia da Praia de Copacabana, enquanto tirava fotos dos morros da cidade. Esse é um fato curioso, pois Walt Disney estava sorrindo, e ele era conhecido por ser um homem de poucos sorrisos.
Walt Disney é a pessoa que venceu o maior número de Óscars na história, sendo 22 prêmios da Academia e 59 indicações.
Disney obteve um de seus maiores êxitos em 1955 ao inaugurar a Disneylândia, um superparque de diversões situado em Anaheim, na Califórnia. O parque foi construído graças a uma parceria com a rede de televisão ABC.
O "American Way of life" teve outro incentivador com a presença no Rio, do cineasta Orson Welles. Em 1942, ele passou semanas na cidade e o Brasil colhendo material para um filme sobre os hábitos e costumes latinoamericanos. Registrou ainda cenas de carnaval, da Rio Branco ao Copacabana Palace, percorreu favelas e a "night".
Curiosamente, o filme nunca chegou a ficar pronto, mas a visita de Welles serviu como cartão de visita e nunca foi esquecida aqui.
Ao término da Segunda Guerra, a avalanche cultural norte-americana foi inevitável. Os cinemas passaram a exibir só filmes americanos, o rock explodiu nas rádios, e o estilo de vida sobressaiu sobre a cultura francesa até então predominante no Rio e no Brasil.
Com a chegada da TV, no início dos anos 50, ninguém mais segurou a "americanização" que perdura até hoje. E o francês caiu em desuso como um castelo de areia.