Em sua passagem pelo Brasil, fugida de Napoleão, a partir de 1808, a Imperatriz Carlota Joaquina foi a mulher mais poderosa da época, apesar de ter uma relação distante com o Imperador Dom João VI com quem se casou aos 10 anos de idade.
Pertencente à monarquia espanhola, sua passagem pelo Rio de Janeiro foi marcada por polêmicas e exageros. Ao contrário do Imperador, que não gostava de caminhar, nem se exercitar, Carlota andava a cavalo na região de Botafogo onde morava numa chácara, separada do marido.
Nestas cavalgadas, ela exigia sob ameaças, onde passasse, que homens se ajoelhassem e tirassem o chapéu em sua homenagem. Os representantes diplomáticos que viviam no bairro de Botafogo passaram a negar o cumprimento real, o que gerou até confrontos com pistolas. Foram tantas reclamações, que D. João decidiu isentar os estrangeiros de qualquer gesto de deferência à família Real Portuguesa.
Enquanto permaneceu no Brasil, Carlota Joaquina sempre externou repulsa ao país. Achava um lugar exótico, tropical, povoado de primitivos. Ao retornar a Portugal, em 1821, a princesa disse que "enfim estava voltando para terra de gente".
Acabou pagando o preço da arrogância. Ao chegar a Portugal, recusou-se a jurar a Constituição, como exigiam as cortes e acabou perdendo os direitos políticos e o título de Rainha. Terminou seus dias na Quinta do Ramalhão, perto da cidade de Sintra.
Morreu em 1830, aos 55 anos, de uma doença de útero, possivelmente um câncer, malvestida, suja, pobre e esquecida. Entre os nove filhos que deixou, estava o Imperador Pedro I.
Fonte: Livro 1808, de Laurentino Gomes