No dia 06 de junho de 1952, o Rio de Janeiro foi palco de um fenômeno climático que surpreendeu a população. Uma forte ventania de 30 minutos deixou a cidade, principalmente o subúrbio, coberta de gelo. Denominada "Tempestade de gelo sobre os subúrbios" pelo jornal O Globo, a chuva de granizo provocou mortes e muitos danos materiais.
Na base aérea do Campo dos Afonsos, 65 aeronaves foram danificadas, hangares destruídos e vidraças quebradas. Alguns aviões tiveram que fazer pouso de emergência no Aeroporto do Galeão. O teto da garagem da base militar desabou sobre 20 veículos provocando uma morte.
Em Irajá, no Conjunto residencial do IAPC, 34 casas foram atingidas e algumas tiveram o teto atirado a distância. Por toda a região houve a queda de árvores e postes que deixaram vários bairros sem luz.
No Campo do Aero Clube de Manguinhos, um avião foi arrastado a longa distância e o pavilhão de aulas desabou, sem vítimas.
Em alguns bairros, o granizo acumulado chegava a meio metro. As linhas de trens foram interrompidas pois sequer era possível enxegar os trilhos.
"Estou horrorizada, as pedras batiam incessantemente fazendo um barulho ensurdecedor, até meu cão ficou apavorado", contava Olga Paes de Trindade. Já a dona de casa Florisbela Silva desabafava: "Já vivi um bocado, mas confesso que temporal como esse só pode ser obra do demônio".
Depois da chuva de granizo vieram as inundações. Em Pilares o gelo inundou tudo. Bondes tiveram o trafego interrompido pela enchente.
Pires Ferrão, engenheiro e diretor interino do Serviço de Meteorologia, explicou o fenômeno. "Foi consequência da entrada violenta de uma grande massa fria. Isso é raríssimo no Rio", assinalava.
Fonte: O Globo