Tidos durante muitos anos como ícones do design brasileiro e do mobiliário urbano mundial, os orelhões são uma invenção da arquiteta brasileira, nascida na China, Chu Ming Silveira, formada pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP), em 1964.
Lançado em 1972, inicialmente nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, conquistaram o país e chegaram a vários países da América Latina, como Peru, Colômbia e Paraguai, em países africanos como Angola e Moçambique, na China e em outras partes do mundo.
Oficialmente chamado de Telefone de Uso Público (TUP), foram fabricados em fibra de vidro, resistente ao sol, à chuva e ao fogo. No auge de sua existência chegou a ter mais de 1 milhão de unidades em todo o país.
O desafio não era pequeno, como se pode concluir a partir do detalhado memorial descritivo elaborado por Chu Ming, que à época chefiava a seção de projetos do Departamento de Engenharia da Companhia Telefônica Brasileira. Design e acústica adequados às condições climáticas brasileiras estavam na base do problema e a solução proposta por Chu Ming atenderia, com grande sucesso, a toda a série de necessidades elencadas por ela:
Para chegar a uma espécie de cabine em forma do ovo, Chu Ming Silveira concebeu o orelhão com uma proteção acústica de 70 a 90 decibéis, desde que o usuário ficasse sob ela. A maior parte do ruído que atingia o protetor era refletida para fora, o restante convergia para o centro do raio de curvatura, localizado bem abaixo do ouvido do usuário médio, de forma a minimizar a interferência na comunicação.
A nova cabine, que seria rapidamente incorporada às paisagens brasileiras, embora tecnicamente chamada pela CTB de Chu II e mais tarde imortalizada como Orelhão, ganhou uma série de apelidos curiosos, além desse. “Tulipa” e “Capacete de astronauta” eram alguns deles.
A imprensa adotou “Tulipa”, que fazia referência ao formato do conjunto de 2 ou 3 aparelhos presos ao solo por um tubo de ferro por onde corriam os fios, semelhante à flor.
Portando as cores da CTB, o laranja e o azul, as “Tulipas” eram dotadas de aparelhos telefônicos vermelhos produzidos na cidade japonesa de Osaka, e popularmente chamados de “vermelhinhos” ou “tamurinhas”.
Para ambientes fechados, como estabelecimentos comerciais e repartições públicas, Chu Ming desenvolveu o Chu I ou “Orelhinha”, antes ainda do Orelhão, de dimensões menores, feito em acrílico laranja. Podia ser instalado diretamente numa parede ou adaptado a diferentes suportes, a uma altura definida a partir do que seria a média dos homens brasileiros. Os primeiros foram instalados a título de teste, em meados de 71, no saguão do edifício sede da CBT, na Rua 7 de Abril, região central de São Paulo.
No dia 20 de janeiro de 1972, dia de seu padroeiro, São Sebastião, a cidade do Rio de Janeiro recebeu, os primeiros modelos da Companhia Telefônica Brasileira.
Inicialmente para usá-los era preciso comprar uma "ficha" em bancas de jornais, padarias e farmácias. Eram vendidos em tirinhas de cinco unidades. A partir da década de 90, as fichas foram substituídas por cartões magnéticos.
Chu Ming Silveira morreu em 1997 aos 56 anos.
Ao longo de 2019, cerca de 600 mil orelhões foram desativados, de um total de 854 mil. Eles estão cada vez mais raros nas ruas e ainda podem ser encontrados em shoppings, escolas, postos de saúde, hospitais, órgãos dos poderes executivo, legislativo e judiciário, estabelecimentos de segurança pública, bibliotecas, museus, terminais rodoviários, aeroportos, entre outros.
A década de 20, inevitavelmente deve desativar o orelhão.
Fonte: Wikipedia