Eufrásia Teixeira Leite foi uma aristocrata, herdeira bilionária, investidora financeira e filantropa brasileira que marcou época na segunda metade do XIX no Rio de Janeiro. Sua independência para os padrões da época a apontam como uma das precursoras do feminismo no Brasil desafiando o sexismo existente.
Nascida em Vassouras em 1850 perdeu os pais em 1872 e ao lado da irmã, Francisca Bernardina, passou a administrar com notável talento a herança recebida.
Multiplicou seu patrimônio acumulando uma fortuna que poderia comprar 1.850 quilos de ouro. O usufruto da riqueza garantiu-lhe a emancipação econômica, tornando-a, além de uma bem-sucedida rentista, uma mulher independente que viveu a vida conforme as suas escolhas e fora dos padrões de então. Ela foi ainda a primeira mulher investidora da Bolsa de Valores de Paris.
Eufrásia era a filha caçula do Dr. Joaquim José Teixeira Leite e Ana Esméria Correia e Castro, sendo neta paterna do barão de Itambé, neta materna do barão de Campo Belo, sobrinha do barão de Vassouras e sobrinha-neta do barão de Aiuruoca.
A família de seu avô paterno já era muito rica quando mudou-se de Conceição da Barra de Minas para Vassouras. Seu pai e seu tio barão de Vassouras se estabeleceram como capitalistas, fundando, no Rio de Janeiro, a empresa "Casa Teixeira Leite & Sobrinhos", que emprestava dinheiro a juros e realizava intermediações financeiras com os prósperos fazendeiros de café.
Por outro lado, a família de sua mãe era composta somente por ricos plantadores de café, sendo ela membro da tradicional família Correia e Castro.
Ela recebeu uma educação aristocrática, tendo estudado na escola de moças de madame Grivet, que existia na localidade de Comércio, hoje Sebastião Lacerda, em Vassouras. Além do ensino básico, aprendeu boas maneiras, a falar o francês e a tocar piano.
Com a morte de seus pais, Eufrásia e sua irmã herdaram uma fortuna que equivalia na época a metade da dotação pessoal do imperador D. Pedro II para um ano.
Logo depois, em 1873, morreu sua avó materna, a baronesa de Campo Belo, e as irmãs receberam, como herança títulos e a casa que nasceu (Museu Casa da Hera).
Nas décadas de 1870 e 1880, a região de Vassouras já entrava em decadência, devido ao esgotamento do solo e ao envelhecimento dos escravos, mas os bens das irmãs não eram fazendas de café; elas possuíam apólices de títulos da dívida pública do Empréstimo Nacional de 1868, ações do Banco do Brasil, depósitos bancários, títulos de crédito de pessoas, uma casa no Rio de Janeiro e uma grande propriedade urbana em Vassouras, atualmente conhecida como Casa da Hera ou Chácara da Hera, onde residiam com seus pais.
Jovens e solteiras, as irmãs venderam ações, títulos e a casa do Rio de Janeiro, cobraram créditos, alforriaram os escravos, fecharam a casa da chácara, deixando dois empregados incumbidos de sua conservação, e partiram, em 1873, para residir em Paris.
Eufrásia, além de inteligente e hábil com negócios, era uma mulher muito bela, como mostram diversos quadros e retratos.
O famoso romance entre Eufrásia e o abolicionista Joaquim Nabuco começou ou ganhou força no convés do navio Chimborazo, durante sua viagem à Europa em 1873. Foi paixão tão fulminante, que desembarcaram noivos na Europa.
Retornou definitivamente para o Brasil em 1928 e passou temporadas na Casa da Hera, em Vassouras. Viveu seus últimos anos no Rio de Janeiro, em um apartamento em Copacabana, cercada de empregados fiéis, excêntrica e solitária. Queria retornar para Paris, mas tinha problemas renais que a impediram de viajar.
Sem "descendentes nem ascendentes", seu primeiro testamento legava toda a sua fortuna para o Instituto das Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, instituição católica com sede em Roma, mas que geria diversos estabelecimentos de instrução no Brasil.
Um segundo testamento, feito as vésperas de sua morte, legou praticamente toda a sua fortuna para obras de caridade, a serem realizadas por instituições da cidade de Vassouras.
Morte
Eufrásia morreu em 13 de setembro de 1930, na cidade do Rio de Janeiro, aos 80 anos. Ela foi sepultada na capital fluminense e posteriormente em Vassouras, quando seu corpo foi exumado e enterrado no mausoléu de seu avô, o primeiro barão de Itambé. No local não há lápide que indique a sepultura de Eufrásia.
Fonte: Wikipedia/Biblioteca Nacional