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  • Gripe espanhola contagiou metade da população, mas carioca pulou carnaval meses depois

    Da Redação em 11 de Janeiro de 2021    Informar erro
    Gripe espanhola contagiou metade da população, mas carioca pulou carnaval meses depois

    A gripe Espanhola, que estima-se matou 15 mil pessoas e contagiou outras 600 mil, chegou ao Rio em 16 de setembro de 1918 trazida por soldados brasileiros que atracavam no porto no navio britânico Demerara, vindo de Liverpool, mas com uma escala em Dakar. Foi nesta escala que os marujos adoeceram e foram morrendo na viagem e na chegada ao Rio. Os assintomáticos espalharam a doença pela cidade e em questão de horas e dias a população foi adoecendo.
     
    Num primeiro momento, as autoridades minimizaram a epidemia. Só quando os mortos chegaram a centenas de pessoas por dia, acendeu o sinal de alerta. Afinal, o Rio não tinha hospitais, material humano e hospitalar, cemitérios e meios de transporte para carregar os mortos.
     
    Os hospitais não davam conta do recado e doentes se amontoavam nas enfermarias. Os mortos eram sepultados sem a presença de parentes e muitos eram deixados no meio da rua para serem enterrados como indigentes em valas comuns. Como os coveiros estavam morrendo também, pessoas eram recrutadas à força, inclusive presos, para recolher os cadáveres. Até a madeira para construir os caixões rareou no mercado.
     
    A epidemia gerou um efeito cascata. Com a falta de produtos, a inflação disparou e um ovo passou a custar o preço de uma galinha. A cidade literalmente parou. Lojas, fábricas, escolas, teatros, mercados e até bordéis. Sem telefonistas, os telefones ficaram mudos. 
     
    A doença não poupou nem ricos, nem pobres. Entre as vítimas, o próprio presidente Rodrigues Alves,  primeiro político brasileiro a ser eleito presidente duas vezes, em 1902 e 1918, mas que não assumiu o segundo mandato.
     
    O curioso é que assim como veio, a gripe retrocedeu. Menos gente morria e mais pessoas se recuperavam. Já na virada para 1919, se falava em promover o maior carnaval da história.
     
    E foi o que aconteceu. Clubes programaram bailes que varraram a noite, os corsos estavam por toda a parte com suas batalhas de confete e serpentinas, e as ruas eram tomadas por marchas-ranchos, polcas, maxixes e um incipiente samba. 
     
    Por um milagre a epidemia não se espalhou com a folia e o carnaval de 1919 foi apontado como o maior da história. Coisas da sociologia. 
     
    Fonte: Metrópole à Beira Mar, de Ruy Castro
     


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