O sistema de iluminação do Parque do Flamengo suscitou muitas polêmicas até se chegar à solução ideal. Pelo tamanho do espaço a ser iluminado, a tarefa era complexa. Um dos projetos apresentados previa a instalação de 700 postes de sete metros de altura, o que na opinião de alguns faria o parque parecer um paliteiro.
Na procura da melhor solução para o problema, a criadora do parque Lotta de Macedo Soares resolveu recorrer a organismos internacionais para buscar os mais gabaritados profissionais da área.
Atendendo à indicação de Reidy, ela escolheu para a elaboração do projeto de iluminação o famoso lighting designer americano Richard Kelly, autor da iluminação do Museu de Arte Moderna de Nova York, do Seagram Building, de três teatros do Lincoln Center e de várias praças públicas nos Estados Unidos, Canadá e Hawai.
Entusiasmado pelo desafio, Kelly projetou postes com 45m de altura, visando que o cone luminoso tombasse não somente sobre as pistas de tráfego, mas sobre o parque, realçando a beleza da vegetação, criando um ambiente de claridade difusa e suave, que permitia ao público passear pelos jardins nas noites de verão.
Esse sistema propiciava aos frequentadores, além da visão de toda a orla da praia, do mar e do Pão-de-Açúcar, manter sua segurança ao caminhar à noite no interior do parque e, também, a dos que optassem por jogar futebol até de madrugada.
Fabricados pela Postes Cavan S.A., os postes têm 49m de altura, mas como são enterrados a uma profundidade de 4m, ficam com altura final de 45m. Pesam 18 toneladas cada um e são divididos em três partes, para facilitar o transporte.
Foram projetados com um elevador cujo cabo, que fica em seu interior, é içado por meio de roldanas a fim de permitir a colocação de lâmpadas e facilitar sua manutenção. Ao lado de cada um deles foi instalado um transformador, para reforçar a energia necessária para acender os seis refletores.
Os 45 m de altura de cada poste equivalem a um edifício de 15 andares. A iluminação era feita por seis lâmpadas de vapor de mercúrio com 1.000 watts de potência, oferecidas pela Philips, em homenagem ao IV Centenário do Rio de Janeiro. Elas produziam um raio luminoso de noventa metros de diâmetro.
Cada poste custou Cr$ 7 milhões de cruzeiros, e pela encomenda inicial de 66 exemplares, a Prefeitura pagou Cr$ 462 milhões de cruzeiros.
Os sessenta primeiros postes, considerados por sua altura os maiores do mundo, em concreto, foram instalados desde o Monumento aos da Segunda Guerra Mundial até a altura da Av. Rui Barbosa.
Eles chegaram ao Parque do Flamengo, em 01 de outubro de 1965, divididos em três partes. O primeiro deles foi montado e instalado no dia 19 de outubro de 1965, pela empresa Estacas Frank com muita dificuldade, em frente ao Hotel Glória, por um guindaste Bucyrus-Erie-38-B e mais 25 operários.
Batizado por Lotta, que nele quebrou uma garrafa de champanhe, em 20 de outubro, foi iluminado experimentalmente às 19 horas do dia 17 de novembro de 1965, quando o general Mandin ligou suas lâmpadas a vapor de mercúrio.
Em 28 de novembro, 10 postes instalados a 100 m de distância um do outro, foram acesos às 19 horas inaugurando a iluminação do Parque do Flamengo. Essa primeira etapa, que correspondia à instalação e iluminação de 60 postes, de um total de 118, foi concluída em julho de 1967.
Fotos: Claudio Machado