Um dos escritores e dramaturgos mais marcantes da história do Rio de Janeiro, Nelson Rodrigues, tinha uma admiração peculiar. Desde jovem frequentava velórios e enterros. “Desde garoto, sou fascinado pela morte. Em vez de ter medo, ia peruar enterro. Não tinha medo nenhum, e volta e meia me infiltrava nos velórios”, contou certa vez.
O gosto pela morbidez começou cedo. Com apenas 13 anos foi trabalhar como repórter do jornal A Manhã, pertecente ao seu pai Mário Rodrigues. Não é a toa que certa vez ele declarou ao Museu da Imagem e do Som que “todo o seu teatro tinha a marca de sua passagem pela reportagem policial”, em entrevista ao Ciclo de Teatro Brasileiro do Museu da Imagem e do Som (MIS).
Uma de suas obras mais conhecidas, "A Falecida", escrita em 1953, a protagonista Zulmira, moradora do subúrbio do Rio de Janeiro, acredita-se moribunda por causa da tuberculose e planeja para si mesma um enterro luxuoso para compensar sua vida modesta.
A peça "O Aprendiz em Cena", aborda histórias de mulheres contratadas para chorar em velórios e enterros, as famosas carpideiras.
Em entrevista ao Bafafá, Nelson Rodrigues Filho confirmou a admiração do pai por velórios e enterros. "Quando ele era pequeno ficava fissurado com as cerimônias e os cavalos dos cortejos fúnebres. Antigamente, tinha muitos velórios nas casas. Um vizinho morria e o demais iam lá ver, então ele ficava lá olhando".
Por Ricardo Rabelo
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